Semicondutores derrubam produção pelo segundo mês seguido

Apesar da queda de 2%, impacto das paralisações por falta de chips foi muito maior, já que julho teve um dia útil a mais do que o mês anterior

Por WILSON TOUME, PARA AB
  • 06/08/2021 - 16:41
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Pelo segundo mês consecutivo, a produção nacional de veículos registrou queda provocada pela escassez mundial de microchips. Durante sua entrevista coletiva para divulgação do balanço mensal, a Anfavea – associação das montadoras instaladas no País – informou que as fabricantes registraram recuo na produção de veículos em julho. Foram fabricadas 163,6 mil unidades no mês, contra 166,9 mil em junho, o que representa retração de 2%. Em junho, a queda havia sido de 13,4% em relação ao mês anterior.

    O mau resultado de julho foi consequência das diversas paralisações ocorridas nas fábricas, por conta da falta de semicondutores que afeta o setor (e outros, como o de equipamentos eletrônicos) em todo o mundo. A produção em julho deste ano ficou 4,2% abaixo até que a do mesmo mês de 2020, quando 170,7 mil automóveis deixaram as linhas de montagem nacionais, ainda sob os efeitos da fase mais crítica da pandemia.

    Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, lamentou e afirmou que, se não fosse a falta de semicondutores, é provável que as fábricas já estivessem produzindo em níveis iguais ou superiores aos de 2019, mesmo com a pandemia ainda impactando a atual rotina dos trabalhadores no País.

    “Continuamos operando com todos os cuidados que adotamos para retomar a produção há mais de um ano, mas nos adaptamos à pandemia e hoje, se não fosse pela falta de semicondutores, seria possível produzir em níveis até maiores do que os observados antes da Covid-19 chegar ao País, como comprovam as fábricas de caminhões, que contrataram mais empregados e estão em ritmo superior ao de 2019”, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.



    Na prática, o impacto das paralisações das fábricas acabou tem um efeito muito maior na produção do que parece: se o mês de julho não tivesse tido um dia útil a mais do que junho, a queda do volume mensal teria sido ainda maior do que os 2% registrados.

    As interrupções na rotina das fábricas impactou também os estoques, que caíram de 93 mil unidades registrados em junho para 85,1 mil em julho, com 57,3 mil veículos nos pátios das fabricantes e 27,8 mil nas concessionárias. Pelos cálculos da entidade, esse total é suficiente atender 15 dias de vendas – contra 16 no mês anterior.

    “Os estoques nas fábricas e nas concessionárias são os menores das últimas duas décadas, o que comprova a gravidade da situação”, alertou Moraes, lembrando que não há previsão de normalização no fornecimento de semicondutores até meados do ano que vem.

    Já o nível de emprego no setor se manteve estável em relação a junho. Houve 515 demissões em julho, quase todas na Ford, que segue com seu processo de encerramento de suas atividades fabris no Brasil e que deve totalizar 5 mil pessoas. Em compensação, foram contratados 525 novos funcionários, quase todos por fabricantes de caminhões. De acordo com a Anfavea, esse número poderia ser ainda maior, se não fosse – mais uma vez – a escassez de semicondutores, que impediu uma aceleração na produção das montadoras.



    - Faça aqui o download do balanço da Anfavea com os volumes de produção, vendas domésticas e exportações no período janeiro-julho 2021
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