Setor Automotivo

Rota 2030 vai economizar R$ 36 bilhões em combustível não queimado

Painel do #ABPlan debate os desafios do programa setorial e os ganhos que ele vai trazer para o setor automotivo

FernandoMiragaya
Fernando Miragaya
  • 29/04/2022 - 10:01
  • 3 minutos de leitura

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    No que depender do principal programa da cadeia automotiva, o Brasil será pioneiro em eficiência energética e vai obter ganhos ambientais e econômicos robustos. Foi o que revelou o painel “Nova fase do Rota 2030” do evento digital #ABPlan - Planejamento Automotivo, promovido pela Automotive Business, que detalhou o que esperar da nova fase do projeto setorial, que pode resultar em uma economia de R$ 36 milhões em combustível não usado e menos 35 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera.


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    O debate teve mediação de Bruno de Oliveira, repórter da Automotive Business, e reuniu Paulo Cardamone, CEO da Bright Consulting, e Thomas Paris Caldellas, coordenador de Regimes Automotivos do Ministério da Economia. Os dois reconheceram que a segunda fase do Rota 2030, que começa no ano que vem, traz desafios e precisa de ajustes. Porém, pode colocar o setor automotivo brasileiro no bonde da história - e na “janelinha”.

    Metas para toda a cadeia

    Isso porque a próxima etapa do Rota 2030 pode trazer metas de eficiência energética inovadoras no mundo. O grupo de trabalho do Ministério das Minas e Energia quer definir objetivos de caráter ambiental nesta segunda fase. Seria a eficiência medida em MJ/km (megajoules por quilômetro), como já ocorre hoje nas aferições do Inmetro, multiplicada pela intensidade de carbono de cada combustível.

    Desta forma, a meta de eficiência energética ambiental traria uma medida em relação a consumo e uma meta adicional para as empresas, em gramas de CO2 por quilômetro. Só que com base em todo o ciclo do combustível e seus impactos.

    “Ao contrário da Europa, que só mensura o que sai do escapamento, entraria na meta a própria produção dos combustíveis. Neste caso, teríamos um valor mais realista, considerando fontes como a energia elétrica e também o etanol”, defendeu Caldellas.

    Paulo Cardamone lembra que o programa foi muito questionado no início, mas também destaca o caráter inovador proposta. “Essa mudança do ciclo, que mede não só eficiência energética do veículo, mas também intensidade de carbono por combustível, é fundamental. O Brasil vai ser pioneiro nisso e todos deveriam seguir porque muda consistentemente a forma de enxergar o benefício de determinada tecnologia”.

    Benefícios desde o Inovar-Auto

    Paulo Cardamone se mostrou otimista em relação aos novos objetivos do Rota 2030 e destacou os benefícios não só do programa atual, como também do seu antecessor: o Inovar-Auto. Com base nos estudos mensais da Bright Consulting, ele acredita que os dois projetos trouxeram ganhos diversos para a indústria e a sociedade.

    “A Bright monitora mensalmente o setor e o que se constata é que, desde a inauguração do Inovar-Auto, quando teve a primeira regulamentação, o benefício para a indústria e para o consumidor foi bastante alto”, afirma o executivo.

    Agora, com o Rota 2030 em etapa final de sua primeira fase, ele garante que as fabricantes vão atingir as metas das três curvas de eficiência energética (de veículos de passeio, SUVs e picapes). Isso já dentro do monitoramento iniciado em outubro de 2021 - e que vai até setembro de 2022

    “O que constatamos, até o momento, com os investimentos e a evolução dos sistemas de propulsão, é que nós já estamos em compliance em praticamente todas as curvas”, destacou Cardamone.

    Números que impressionam

    Com dados deste monitoramento do setor, Paulo Cardamone ilustrou com números os avanços proporcionados pelos dois programas setoriais. Segundo ele, todas as montadoras conseguirão atingir as metas nesta fase e se valer dos benefícios previstos na legislação, cuja expectativa é da ordem de R$ 1,6 bilhão para os próximos quatro anos.

    Porém, com a adoção de soluções mais eficientes para carros e motores, o benefício veio em cadeia. Segundo o Ministério da Economia, houve um volume de cerca de R$ 3,5 bilhões em investimentos em P&D por ano desde o início do Rota. E com o Inovar-Auto, 15% de ganho em eficiência energética, com meta de mais 11% para a nova fase do Rota 2030.

    Pelos estudos da Bright, desde 2017, foram R$ 18 bilhões de economia de combustível não queimado. “O Rota trará o dobro disso em economia”, sentenciou Cardamone. Como efeito, o ganho ambiental: de 30 a 35 milhões de toneladas de CO2 não lançadas no meio ambiente com os dois programas. 

    “O benefício é importante para a indústria, mas se você considerar a adição de tecnologia que tivemos, com vários componentes, as vantagens foram em três áreas: ambiental, financeira e tecnológica. A meta energética no Rota 2030 era de 11%, mas deve atingir 15%. As empresas estão andando mais”, destaca o CEO da Bright.

    Olho nos pesados

    Mas a próxima temporada do Rota 2030 também promete ajustes e foco no fomento à pesquisa e desenvolvimento. Além disso, o programa vai tratar da questão do regime de autopeças não produzidas no Brasil e de programas prioritários. 

    “Conseguimos reduzir o imposto de importação dessas autopeças para zero. Em contrapartida, as empresas aportam recursos em programas de pesquisa e desenvolvimento”, explica o representante do Ministério da Economia. 

    Thomas Caldellas ressaltou que há na pauta do Rota, ainda, projetos de reciclagem veicular ligados à renovação de veículos pesados, "corredores verdes" - para trazer novas tecnologias para corredores logísticos -, promoção de exportações e redução do Custo Brasil, além de questões ligadas à eletromobilidade.

    “Há um outro desafio, mais difícil, que é sair da zona de conforto e trabalhar eficiência energética de veículos pesados. Isso estava previsto na primeira fase, foi criado um grupo de trabalho que chegou a ser extinto. Mas o assunto foi retomado, porém a pandemia não permitiu avançar”, conta.