A economia circular tem o potencial de criar novos modelos de uso de recursos naturais, com reaproveitamento, remanufatura e reciclagem de resíduos. Dessa forma, apresenta novas oportunidades econômicas, bem como benefícios de sustentabilidade.

No entanto, passar de um modelo linear (que é mais “tradicional” e não tem foco na questão sustentável) para um modelo circular requer grandes mudanças, cooperação e comprometimento. Reunir diferentes fontes de dados de cadeias de suprimentos complexas, coordenar os esforços dos parceiros e, ao mesmo tempo, manter os custos, não é uma tarefa trivial. Exigirá novos pensamentos e novas ferramentas.

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Segundo levantamento da Circle Economy, instituição global sem fins lucrativos, divulgado em 2020, apenas 8,6% da economia mundial é circular. O relatório aponta que, para melhorar o cenário de diminuição das emissões de dióxido de carbono até 2032, esse número precisaria dobrar no período, o que parece estar longe de acontecer. Desde 2018, o percentual caiu 0,5%, o que mostra que a situação não está melhorando. Mas então, o que pode ajudar as empresas a fomentar esse modelo sustentável e ganhar negócios? Acredito que a resposta a esta pergunta seja essa: software.

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As tecnologias digitais serão fundamentais para permitir a visibilidade e gestão de economias e operações circulares. Os líderes de gerenciamento digital podem compartilhar sua experiência no acesso a fluxos de dados e silos operacionais para permitir o avanço e a integração dessas práticas em um ciclo de vida completo.

Novo pensamento e ação econômica

À medida que os esforços de sustentabilidade para grandes organizações se intensificam, muitos estão vendo os benefícios das economias circulares como o novo modelo operacional para o futuro. O que permite que as companhias alcancem as metas nesse tema, mantendo o ganho financeiro com responsabilidade.

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Há muitos benefícios nos modelos operacionais circulares, com destaque para a redução do desperdício e a necessidade cada vez maior de matérias-primas. No Brasil, de acordo com o relatório mais recente sobre o assunto da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 70% das empresas do setor industrial não conhecem o tema a fundo, embora mais de 76% desenvolvem algum tipo de ação de economia circular.

Por esse motivo, as expectativas sobre o tema no País são bastante positivas. A recuperação da pandemia é vista como uma oportunidade para iniciar esses esforços e para avançar em direção a modos de negócios mais sustentáveis e circulares. A crescente cobrança de investidores, consumidores e fornecedores também contribui para que a sustentabilidade ganhe força.

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Projetando para o círculo

Do ponto de vista do produto, a circularidade começa com o design. Cerca de 80% de todos os impactos ambientais relacionados aos itens são determinados durante a fase de projeto, de acordo com o European Science Hub.

O melhor design oferece maior capacidade de manutenção durante a operação, com o suporte de peças sobressalentes disponíveis para estender as horas operacionais e a utilização. Além disso, o design modular, com reaproveitamento, remanufatura e desmontagem integrados desde o início do projeto, combinado com foco na eficiência de toda a vida útil, pode reduzir significativamente o desperdício, ao mesmo tempo que oferece suporte para uma utilização mais longa e a reciclagem máxima. Os materiais de uso único estão caindo em desuso, conforme indicado pela demanda global por materiais reciclados, que cresceu 17% entre 2012 e 2016 apenas para plásticos.

As tecnologias digitais são vistas como um facilitador fundamental das economias circulares, conectando, agregando e permitindo a análise de dados para apoiar a coordenação complexa e sofisticada dos diferentes recursos necessários. À medida que os líderes digitais iniciam a própria jornada em direção à circularidade, recursos e experiências compartilhados permitem que organizações de todos os tamanhos aprendam, entendam e implementem os princípios.

Cooperação e compartilhamento

Os líderes digitais têm feito progressos significativos no cumprimento das metas de sustentabilidade. Eles também estão se comprometendo com ações significativas para o tema, como o Climate Neutral Data Center Pact.

Por meio de insights obtidos no desenvolvimento e suporte amplo de ferramentas de software, como sistemas de Gerenciamento de Infraestrutura de Data Center (DCIM), é possível permitir que as organizações entendam melhor as próprias operações e como podem começar a introduzir práticas de economia circular e alinhar isso com os esforços de sustentabilidade existentes.

Trabalhando juntas, as empresas podem compartilhar os avanços que fizeram coletivamente na redução do consumo de energia, melhorando a eficiência das operações e aumentando a utilização da infraestrutura, tornando-se referência para todos.

Amplo escopo

Os esforços de sustentabilidade não podem ser eficazes quando realizados sozinhos. Eles devem ser coordenados em todo o ecossistema, exigindo não apenas o consentimento, mas o compromisso dos parceiros da cadeia de suprimentos, incluindo emissões de Escopo 3. O que significa envolver todas as emissões ligadas às operações.

Ciclo de vida

O nível de cooperação e integração necessário para permitir economias circulares é maior do que nunca. Somente tecnologias digitais, de Internet das coisas (IoT), computação de ponta, Inteligência Artificial (IA) e análises em tempo real, podem reunir as diferentes fontes de dados e recursos combinados em uma estratégia coerente e orquestrada.

Esse espectro de esforços em economias circulares pode ser desenvolvido em um ciclo de vida habilitado por ferramentas e tecnologias digitais, de modo a garantir que infraestrutura, equipamentos, software e recursos possam ser gerenciados em um ciclo de vida completo para eliminar virtualmente o desperdício. Além disso, contribui para reduzir a demanda por matéria-prima e melhorar a economia.

A Economia Circular é amplamente percebida como um meio de lidar com muitos problemas que o mundo enfrenta, ao mesmo tempo em que permite esforços de sustentabilidade. As tecnologias de gestão digital são reconhecidas como capacitadoras fundamentais das práticas necessárias para avançar em direção a modos de operação mais circulares.

Natalya Makarochkina é vice-presidente sênior da divisão de Secure Power e Operações Internacionais da Schneider Electric global

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