Investimento direto de estrangeiro no Brasil cai 26% em agosto

Segundo BC, foram aportados US$ 4,5 bilhões no mês, abaixo da estimativa da autoridade monetária

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Brasília

Os investimentos diretos de estrangeiros no Brasil somaram US$ 4,5 bilhões em agosto, queda de 26% em relação ao mês anterior. Os dados foram divulgados pelo BC (Banco Central) nesta sexta-feira (24).

O volume ficou abaixo da estimativa da autoridade monetária para o período, que era de US$ 5,8 bilhões.

Os investimentos diretos no país são feitos por empresas que estabelecem um relacionamento de médio e longo prazo com o país e são menos voláteis por envolver decisões mais duradouras.

De acordo com dados preliminares até a última terça-feira (21), foram investidos US$ 3,6 bilhões em setembro. O BC espera que o mês encerre com ingresso de US$ 5 bilhões.

Quadro de cotações da Bolsa de Valores de São Paulo - Nelson Almeida - 22.fev.2021/AFP

Nos doze meses encerrados em agosto, esse tipo de investimento totalizou US$ 49,4 bilhões, o equivalente a 3,12% do PIB (Produto Interno Bruto).

"Os investimentos diretos em agosto ficaram um pouco abaixo da estimativa do BC, mas superiores ao mesmo mês do ano anterior, de US$ 2,6 bilhões. Com isso, aumentou o volume acumulado", ressaltou o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha.

O ingresso dessas aplicações no país foi impactado pela pandemia. Com a crise, esses investimentos despencaram em 2020. Em comparação ao ano anterior, o volume de aplicações caiu pela metade. Ao todo, foram aportados US$ 34,1 bilhões no país no período, contra US$ 69,1 bilhões no ano anterior. O número foi o menor desde 2009, quando foram investidos US$ 31,4 bilhões.

As aplicações de estrangeiros no mercado de ações, fundos de investimento e títulos públicos brasileiros somaram US$ 1,2 bilhão em agosto, mesmo volume registrado em julho.

No período, os investidores estrangeiros preferiram papéis mais seguros e retiraram US$ 170 milhões de ações e fundos de investimentos. A saída foi compensada pela entrada líquida de US$ 1,4 bilhão em títulos públicos.

Em julho, o ingresso de aplicações estrangeiras no mercado doméstico havia caído 77% em relação a junho após turbulências na B3 (Bolsa de Valores brasileira) com a ameaça da variante delta do coronavírus, crise hídrica e inflação em alta, fatores que permaneceram no radar de investidores em agosto.

Em maio e junho, os investimentos deste tipo foram significativos, com US$ 5,9 bilhões e US$ 5,1 bilhões, respectivamente.

Dados preliminares de setembro mostram que o nível deve permanecer baixo em setembro, com entrada de US$ 918 milhões até a última terça.

No acumulado de 12 meses, os ingressos líquidos de investimentos em carteira totalizaram US$ 43,7 bilhões. No mesmo período de 2020, houve saída líquida de US$ 42,8 bilhões, sob impacto da pandemia de Covid-19.

"Aquela saída causada pela incerteza inicial [da pandemia] já foi integralmente reposta. Setembro ainda indica ingressos líquidos", ressaltou Rocha.

Em março do ano passado, quando o vírus chegou ao país, os estrangeiros retiraram US$ 22 bilhões do mercado de títulos brasileiro, que registrou resultados negativos até maio.

Esse tipo de investimento normalmente apresenta queda em meses mais turbulentos porque é muito sensível a crises momentâneas e ruídos.

Os brasileiros gastaram US$ 447 milhões em viagens internacionais em agosto, US$ 177 milhões acima do registrado no mesmo mês de 2020. Para Rocha, com o avanço da vacinação e a flexibilização das regras para ingresso em alguns países encorajou turistas.

"O volume, no entanto, é muito inferior ao observado antes da pandemia", ponderou.

Em agosto de 2019, por exemplo, os brasileiros desembolsaram US$ 1,3 bilhão lá fora. Apesar da melhora, o dólar alto, o medo do contágio e restrições ainda em curso ainda impactam as viagens internacionais.

"É uma recuperação gradual, mas há uma tendência clara [de alta]", ressaltou o técnico do BC.
Segundo Rocha, o turismo deve retornar com o fim da pandemia, mas viagens a negócio podem ter mudanças permanentes, com o aumento de eventos e conferências virtuais.

Os estrangeiros gastaram US$ 251,6 milhões no Brasil no mês, ante US$ 146,3 milhões em agosto de 2020.

De acordo com o BC, em agosto as contas externas tiveram superávit de US$ 1,7 bilhão, melhor resultado para o mês desde 2006. Nos 12 meses, o resultado foi negativo em US$ 19,5 bilhões.

A projeção do BC para setembro é de deficit de US$ 1,9 bilhão em transações correntes.

A balança comercial teve resultado positivo de US$ 5,6 bilhões em agosto.

As exportações ficaram em US$ 27,4 bilhões no mês, aumento de 56% em relação ao mesmo período do ano passado. As importações somaram US$ 21,7 bilhões, alta 72,4% na mesma base de comparação.

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