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Pequena indústria espera volta dos negócios, mas desconfia de retomada da economia

Micro e pequenos empresários sentem alta da inflação, falta de insumos e alinham operação a conceitos ESG

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Brasília

Há dez meses consecutivos, as micro e pequenas indústrias do estado de São Paulo enfrentam aumento nos custos de produção. A alta no preço de matérias-primas e insumos é observada por 84% delas, enquanto 50% registram falta desses itens.

Ainda assim, a maioria (54%) avalia que o seu negócio ou que o seu setor (53%) vai melhorar nos próximos meses, um otimismo que contrasta com as expectativas sobre a economia do país, já que apenas 37% confiam na melhora da situação macroeconômica.

Para 54%, não se sabe quando a economia voltará a crescer.

Os dados pertencem à pesquisa Indicador de Atividade da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo, feita em outubro pelo Datafolha para o Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo).

"Os empresários estão acreditando mais neles, nas empresas deles, nas alternativas que eles têm em mãos e menos nas promessas que são feitas na área econômica", disse à Folha Joseph Couri, presidente do Simpi.

"Os micro e pequenos industriais sentem a dificuldade de crédito e a ameaça, permanente, de aumento de carga tributária, com o fim do Simples Nacional".

As micro e pequenas indústrias paulistas somam 298 mil e representam cerca de 42% do total de MPIs no Brasil. A imensa maioria da indústria nacional (97%) é formada por micro e pequenas empresas. "Em São Paulo, elas estão, principalmente, nos setores de vestuário, calçados e construção civil", afirma Couri.

Na visão do executivo, as empresas estão em um momento de retomada ainda frágil, tendo em vista o aumento do preço de insumos fundamentais para a atividade, como energia elétrica, gás e combustíveis.

"O aumento de preços é generalizado e as empresas aos poucos vão repassando os custos", afirma. "O ritmo de retomada varia conforme o segmento ao qual a indústria se dedica. Aquelas voltadas ao consumo estão com negócios mais aquecidos".

É o que justifica, por exemplo, que 49% das empresas ouvidas no levantamento de outubro tenham uma avaliação positiva dos negócios, contra 42% do mês anterior. Já a avaliação ruim ou péssima caiu de 21% para 13% no período.

O levantamento apontou que as micro e pequenas indústrias do interior apresentam indicadores melhores que as das situadas na região metropolitana. No interior paulista, 58% das empresas consideram sua situação ótima ou boa, frente a 38% da capital, onde 28% avaliam o próprio faturamento como ótimo ou bom, indicador que chega a 43% no interior. Na região metropolitana, 23% apresentaram uma margem de lucro ótima ou boa, diante de 37% no interior.

De acordo com a pesquisa Datafolha, 84% das empresas sentiram alta nos custos e 50% registram falta de insumos, cujo recebimento está atrasado para 47% delas. "Um quinto das empresas perceberam uma perda de qualidade na matéria-prima", afirma Couri.

Empresários procuram alinhar operação aos preceitos ESG

Na visão de Couri, o empresariado está cético com o governo e procura reagir a esse cenário, tomando iniciativas que valorizem o seu negócio.

Neste sentido, parte dos empresários têm feito a lição de casa a fim de tornar seus negócios mais alinhados aos conceitos ESG (boas práticas de governança ambiental, social e corporativa).

"Alguns empresários já despertaram para a necessidade de alinhar sua operação a esses conceitos, que podem inclusive abrir novas linhas de crédito e estão em sintonia com uma visão mais moderna do negócio".

Do ponto de vista ambiental, por exemplo, mais empresas estão procurando melhorar o tratamento dos resíduos industriais e adotar o uso de energias limpas, como a solar. "Isso aumenta a sua competitividade entre os fornecedores de grandes indústrias", afirma.

No âmbito social, o Simpi anunciou nesta quarta-feira (17) uma parceria com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que prevê o acesso de mulheres em situação de vulnerabilidade a um curso de empreendedorismo, por meio da plataforma Kaptár, de ensino a distância.

"Serão atendidas 24 mil mulheres ao ano em todo o Brasil", diz Couri. As inscrições podem ser feitas pelo site do projeto Qualifica Mulher, do ministério federal.

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