O saldo comercial mineral, de quase US$ 49 bilhões, apresentou contribuição crucial para manter positivo o saldo comercial do Brasil em 2021, ainda mais que este último apresentou elevação de 21,5%, em relação a 2020, enquanto que o crescimento do saldo mineral foi de 51%. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o saldo mineral – que é a diferença entre as exportações e as importações de minérios – do ano passado equivale a 80% do saldo comercial brasileiro, que foi de US$ 61 bilhões. Em 2020, o saldo comercial mineral equivalia a pouco mais de 64% do saldo comercial brasileiro.

O IBRAM observa que houve queda no preço do minério de ferro entre junho e novembro de 2021, mas, mesmo assim, a média foi 47,5% maior do que a de 2020. Observa-se elevações em todas as commodities, como cobre (52%) e alumínio (45%).

Os dados referentes ao consolidado do ano passado da indústria da mineração do Brasil foram apresentados neste dia 1º de fevereiro por Flávio Ottoni Penido, diretor-presidente do IBRAM, e por Wilson Brumer, presidente do Conselho Diretor.

Produção fica estável em toneladas

Segundo estimativas do IBRAM, a produção mineral brasileira em 2021, em toneladas, cresceu cerca de 7% em relação a 2020, passando de 1,073 bilhão de toneladas para 1,150 bilhão de toneladas estimadas. Em 2021, a variação de preços das commodities no mercado internacional impulsionou o faturamento do setor em 62%, na comparação com 2020, crescendo de R$ 209 bilhões para R$ 339 bilhões.

O IBRAM considera essa variação anual em toneladas como uma ‘estabilidade’, embora o ano de 2021 tenha sido marcado pela demanda aquecida por commodities minerais e 2020 – ano de comparação dos resultados – tenha sido pontuado por paralisações temporárias em operações de mineração industrial. Os números finais de produção mineral de 2021 serão conhecidos a partir de março, diz o IBRAM.

BA, PA, GO, MT, entre outros, investem na expansão da mineração

Minas Gerais apresentou a maior elevação percentual em faturamento em 2021 (veja mais adiante). Ainda em termos de variação percentual, a Bahia vem logo em seguida, com 67% de aumento de faturamento em 2021, passando de R$ 5,7 bilhões em 2020 para R$ 9,5 bilhões.

Ainda em termos percentuais, o 3º maior crescimento de faturamento em 2021 foi registrado no Pará, com 51%, passando de R$ 97 bilhões para R$ 146,6 bilhões – valor pouco superior ao de MG. Com este resultado, o Pará responde por 43% do faturamento da indústria da mineração brasileira em 2021 – esta participação era de 46% em 2020.

Em seguida, vêm: Goiás com 36% de aumento, de R$ 6,3 bilhões para R$ 8,6 bilhões; Mato Grosso com 35% de elevação, passando de R$ 4,7 bilhões para R$ 6,3 bilhões; São Paulo, com 28%, indo de R$ 4,6 bilhões para R$ 6 bilhões.

Mineração seguirá relevante para a economia de MG, afirma IBRAM

Segundo dados do IBRAM, em 2021 Minas Gerais apresentou o maior crescimento no faturamento em 2021: 87%, passando de R$ 76,4 bilhões em 2020 para R$ 143 bilhões. Com este resultado, MG responde por 42% do faturamento global da indústria da mineração brasileira em 2021 – esta participação era de 37% em 2020.

“Minas Gerais ainda é muito forte em mineração e o será por muitos anos ainda. O estado teve o maior incremento de recolhimento de royalty em 2021 e é também o estado que mais vai atrair investimentos no setor até 2025, US$ 10,2 bilhões. A mineração é e será relevante para a economia do estado por muito tempo e tem sido exercida em acordo com normas internacionais de segurança operacional e sustentabilidade”, afirma Flávio Penido.

Wilson Brumer destaca que mais estados, além de Minas Gerais e Pará – líderes em mineração -, têm observado retorno positivo com o apoio à expansão da mineração. Esses estados registram elevações significativas no faturamento com minérios. “Isso é muito importante porque significa atração de recursos financeiros para essas localidades e motiva ações de desenvolvimento local e impulsionamento à economia de muitas cidades”, avalia Brumer.

Recolhimento de tributos cresce mais de 62%. CFEM bate recorde.

Com elevação do faturamento em 2021, a mineração do Brasil recolheu mais tributos e também mais encargos, como a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), considerado o royalty do setor. A elevação de tributos totais recolhidos foi superior a 62%, passando de R$ 72 bilhões em 2020 para R$ 117 bilhões em 2021.

Somente em termos de CFEM o crescimento foi de quase 70%, indo de R$ 6 bilhões em 2020 para mais de R$ 10 bilhões em 2021 – um valor nunca antes registrado. Foram 2.635 municípios recolhedores de CFEM em 2021. Estados do Sudeste e do Sul apresentam maiores números de municípios, além da Bahia, situada na região Nordeste: MG = 511 municípios; SP = 348 municípios; RS = 216 municípios; SC e BA = 183 municípios cada – com base em dados Agência Nacional de Mineração.

De 2017, quando o recolhimento de CFEM registrou R$ 1,8 bilhão, até 2021 (R$ 10,3 bilhões), o crescimento na arrecadação deste encargo foi de cerca de 460%. Pará (47%) e MG (45%) têm as maiores participações na arrecadação de CFEM em 2021.

Setor mineral se mostra essencial para a economia nacional

Além desses resultados extremamente positivos para a arrecadação pública – União, estados e municípios – e para a geração de divisas, o IBRAM projeta investimentos de mais de US$ 41 bilhões até 2025. Assim, é factível considerar a indústria da mineração como um dos setores que mais está prestando contribuições para fomentar o desenvolvimento e o crescimento do país. São investimentos cerca de US$ 6 bilhões em projetos socioambientais até 2025. Outras ações e iniciativas socioambientais correspondentes a mais de 50 temas serão executadas até 2030 pelo setor, com aportes que ultrapassam US$ 18 bilhões.