Setor Automotivo

Para acelerar transição para autotechs, empresas automotivas buscam novas competências

Painel do SAE Talks debateu desafios, as novas habilidades e talentos, além do futuro da gestão de pessoas no segmento

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Natália Scarabotto
  • 20/05/2022 - 07:30
  • um minuto de leitura
    
             Com foco na transição para autotechs, empresas automotivas buscam novos talentos, habilidades e competências

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    A ambição de empresas automotivas por inovação e tecnologia está impulsionando uma transformação no perfil dos colaboradores – cada vez mais diverso e com profissionais ligados ao mundo da tecnologia, como engenheiros de software. Os novos desafios e o futuro da gestão de pessoas foram tema do SAE Talks, na quinta-feira, 19, on-line no YouTube.

    Participaram do painel, a HR business partner da Bosch, Cristiane Melo; a gerente de recursos humanos da Bosch, Paula Pessoa e a gerente de estratégia de RH, inovação, diversidade e cultura da Volkswagen, Karine Wohlke.

    Segundo elas, a transformação da indústria de hardware para software, com a ascensão das autotechs, demanda cada vez mais profissionais de tecnologia. Mas a atração de talentos ainda é um desafio. “Já tivemos casos de pessoas que se recusaram a vir pra Bosch por não termos um pacote de benefícios atrativo para aquele indivíduo. Agora estamos revisando esses benefícios para aumentar a atratividade para profissionais de software, porque na busca por esses talentos competimos com gigantes da tecnologia, como Google e a Oracle”, disse Paula Pessoa.

    Outro ponto que exige esforço das empresas é conciliar perfis de colaboradores de diferentes áreas e com diferentes dentro das mesmas políticas internas. Para alguns temas, como a jornada de trabalho híbrida a adesão foi mais rápida por causa da pandemia. 

    “Um engenheiro de software demanda jornada de trabalho home office, por exemplo, mas também temos o operador de fábrica que precisa ter um pacote de benefícios atrativos, que não necessariamente são os mesmos. O desafio é harmonizar internamente para não criar desigualdades, mas tratando de forma equitativa os diferentes públicos de acordo com suas demandas e necessidades”, explicou Paula.

    Humanização para gerir pessoas

    A transformação no perfil dos colaboradores vai além da atração de novos talentos de tecnologia. Temas como diversidade e inclusão, bem-estar e equilíbrio entre vida profissional e pessoal são demandas cada vez presentes entre os colaboradores, por isso, as empresas agora focam na humanização.

    “A gente vem de uma indústria de produção de massa, que está acostumada a pensar nesse modelo, mas agora temos que pensar na individualização do colaborador. E precisamos nos reinventar para nos adaptarmos aos diversos perfis e necessidades dos profissionais”, afirmou Karine Wohlke. “Hoje o salário nem sempre é um ponto de retenção, os jovens preferem estar desempregados do que trabalhar em uma empresa com um ambiente ruim.”

    Setor automotivo também depende de habilidades comportamentais

    Da parte do recrutamento, as empresas valorizam cada vez mais os soft skills, habilidades comportamentais. Segundo a Wohlke, as principais habilidades e características que uma empresa procura são: vontade de fazer acontecer, propósito, resiliência, capacidade de inovação, de adaptação e de colaboração.

    “Os hard skills (habilidades técnicas), muitas vezes, desenvolvemos dentro da empresa, os soft skills é o que a gente realmente procura”, disse ela. “Durante muito tempo fomos atrás de talentos com visão e capacidade analítica, que ainda é muito importante, mas além disso, o colaborador tem que querer fazer parte da solução, construir junto.”