Valqir Aureliano – Fazer a feira está caro: assim como em outros segmentos

Quem vai à feira ou aos supermercados tem encontrado o preço de tubérculos, frutas, legumes e verduras bastante altos. Dados do Clique Economia, serviço da Prefeitura de Curitiba, apontam altas de até 325% – registrada, por exemplo para a caixa de 20 kg da cenoura, que passou de R$ 40,00 para R$ 170,00 desde dezembro. O tomate subiu 150%; e o repolho, 100%.

Com isso, cenoura, tomate, mamão e maçã podem ser encontrados nos supermercados de Curitiba vendidos acima dos R$ 10, o quilo. Nesta semana, o quilo do tubérculo era ofertado a R$ 10, 99, o quilo do tomate a R$ 11,89 e o mamão formosa, R$ 10,99, conforme pesquisa de preços realizada pela plataforma de entregas Rappi na quarta-feira.

Pelo mesmo aplicativo, na quinta-feira, era ofertada a R$ 10,59 o quilo, o mamão formosa saia a R$ 12,89 o quilo. Há uma semana, nas lojas de um mercado no Jardim das Américas, por exemplo, o quilo da cenoura era ofertado a R$ 9,79.

Na Ceasa, os preços estão com tendência de queda, mas ainda seguem altos. De acordo com o levantamento da Divisão Técnica e Econômica (Ditec), o preço da cenoura recuou 12,50%, quando comparado os valores de comercialização praticados nos dias 14 e 28 de março. A caixa com 20 quilos da cenoura passou de R$ 160 para R$ 140 – queda de R$ 8 para R$ 7 o quilo no atacado. Em 1º de fevereiro, o valor estava em R$ 70 a caixa e em 1º de janeiro era ofertado entre R$ 35 e R$ 40.

O tomate tipo longa vida AA, caixa de 20 quilos, foi comercializado por R$ 170 em 14 de março, R$ 180, em 21 de março, e R$ 170 em 28 de março (-5,56%). Mas em 1º de fevereiro, o preço da caixa de 20 quilos estava em R$ 50.

Opções

Em baixa na Ceasa

Apesar dos altos preços, Paulo Da Nova afirma que há uma tendência de queda nos preços, conforme aponta o estudo diário feito pela Ditec a respeito do comportamento dos preços dos 30 principais produtos comercializados pela Ceasa.

De acordo com o levantamento da DITEC, dos 29 produtos mais negociados na Ceasa, houve um recuo de 10,32% na média ponderada de preços. Subiram aipim e pepino por conta de queda na oferta, mas a tendência é de queda nos preços da maioria dos produtos.

Da Nova orienta ainda que o consumidor dê preferência para os produtos que estão na safra. Caso do chuchu, batata doce roxa e batata comum.

Sacolões da Família são opção mais em conta em Curitiba

O aumento dos preços em geral também elevou o preço único do quilo das frutas e verduras nos Sacolões da Família, que passou de R$ 2,89 para R$ 3,69 – valor que representa menos da metade (53% menor) do preço médio aplicado nos mercados convencionais para hortifrútis.

O valor aplicado nos Sacolões continua significativamente mais baixo do que o aplicado pelos supermercados convencionais da capital.

O preço médio dos hortifrútis estava em R$ 7,91 o quilo, segundo levantamento do Clique Economia em 16 de março. O valor é 114,45% maior – mais do que o dobro, portanto – do que o novo preço único dos sacolões da Prefeitura.

Clima e insumos interferem

A explicação para esses preços, que têm assustado a maioria dos consumidores, está em um ‘combo de problemas’ formado pelo clima, preços de insumos, como embalagens, e fertilizantes e falta de mão-de-obra. De acordo com Paulo Ricardo Da Nova, diretor de Agrocomercialização das Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa-PR), o clima não ajudou em nada. “No caso da cenoura, por exemplo, a chuva de janeiro nas regiões produtoras acabou com o que tinha restado no campo”, diz. “Tivemos muita chuva quando a lavoura precisava de seca e falta de chuva, quando ela era necessária.”

Aliado a este problema, Da Nova cita a Guerra na Europa como causa da elevação dos custos do principal insumo usado na produção de hortaliças. O preço da tonelada da mistura de Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), na proporção de 4/14/8, passou de R$ 100 para R$ 220. “Com isso, muita gente que já vinha enfrentando problemas para produzir, por causa da pandemia que fez desaparecer insumos como embalagens, precisou reduzir a produção por falta de dinheiro”, afirma.

Sobre o uso de adubo orgânico como opção de substituição do NPK, Da Nova ressalta que a produção é muito pequena. De acordo com ele, na região metropolitana de Curitiba, por exemplo, as pequenas granjas instaladas em Mandirituba e Araucária que produziam esterco fecharam. Atualmente há apenas uma granja da Marfrig, localizada na Lapa.

A falta de mão-de-obra é outro fator que contribuiu para essa escalada de preços. “A produção de morangos, alfaces e tomates, por exemplo, exige mão-de-obra na colheita. Para você colher o pé da alface é preciso que uma pessoa se abaixe e corte, do mesmo modo a colheita do tomate”, relata. “Não tem máquina que faça isso”.

O diretor da Ceasa-PR explica que por conta destes custos produtores de hortaliças da região metropolitana estão migrando para o cultivo de grãos. Alguns da região de São José dos Pinhais estão arrendando suas terras para o cultivo de grãos, que possibilitam a mecanização da cultura do plantio à colheita.

Rendimento real do trabalhador recua 8,8% em um ano

O rendimento real habitual do trabalhador caiu 8,8% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Com isso, o valor passou de R$ 2.752 em fevereiro de 2021 para R$ 2.511 um ano depois.

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada ontem pelo IBGE.

A pesquisa também mostrou que a taxa de desemprego atingiu 11,2% no período e o número de desempregados chega a 12 milhões de pessoas.
Já a população fora da força de trabalho chegou a 65,3 milhões de pessoas, alta de 0,7% quando comparada com o trimestre anterior e queda de 5% na comparação anual. (ABr)