Setor Automotivo

Vendas de veículos seguem acanhadas, mas maio promete alta

Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, sustenta otimismo e projeta melhora nos próximos meses

giovanna
Giovanna Riato
  • 10/05/2022 - 13:01
  • 2 minutos de leitura
    
             Vendas de veículos fecharam o quadrimestre com queda superior a 15%
    Advertisement

    Depois de um começo de ano fraco, as vendas de veículos ainda não apresentaram reação consistente, mas maio já indica reversão dessa curva. Os primeiros 9 dias do mês tiveram alta de 10% nos licenciamentos na comparação com período equivalente de abril.


    Leia também:
    São Paulo Motor Experience, novo Salão do Automóvel, é adiado para 2023


    A informação foi apresentada por Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, em coletiva de imprensa na terça-feira, 10. Segundo o executivo, a média diária de emplacamentos chegou a 8,4 mil veículos, o mesmo patamar de 2021, na média diária do ano. Algo que o dirigente não citou é que, apesar do sinal positivo, o número é inferior aos 9 mil emplacamentos feitos por dia em maio daquele ano.

    Abril estável, mas com otimismo para os próximos meses

    Leite, que acaba de assumir a presidência da Anfavea, manteve tom bastante otimista em sua primeira coletiva de imprensa à frente da entidade, ainda que os números não indiquem o mesmo entusiasmo. 

    “Não podemos deixar de comemorar um crescimento em momento de tantos desafios, como a falta de semicondutores, a pandemia, juros altos...”, defende.

    Em abril, as vendas de veículos andaram de lado, com 147,2 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. O volume foi estável na comparação com o fraco mês de março, com singelo crescimento de 0,3%. Em relação a abril de 2021, o resultado foi 15,9% menor. No total do primeiro quadrimestre foram vendidos 552,9 mil veículos, volume 21,4% inferior ao de intervalo equivalente de 2021.

    Para Leite, o fato de que a queda das vendas começou a se reverter indica que o mercado deve se desenvolver dentro das expectativas da Anfavea nos próximos meses.

    “Desde o começo do ano, a nossa projeção era de um primeiro trimestre mais difícil, com melhora a partir de então”, reafirma.

    Com isso, a associação sustentou a projeção de que o mercado brasileiro alcançará 2,3 milhões de veículos, com alta de 8,5% sobre 2021. Segundo ele, a melhora do patamar de vendas entre abril e o começo de maio reflete o incremento da produção de veículos com a redução de gargalos na entrega de semicondutores.

    Renda baixa, juros altos

    Apesar de celebrar o tímido avanço nas vendas de veículos, Leite reconhece que há preocupações importantes. Além da falta de semicondutores que tem freado o ritmo de produção, ele enfatiza a alta dos juros como um obstáculo importante à expansão do mercado. 

    Segundo ele, a taxa média para financiar um carro está em 30% ao ano. “Estamos monitorando de perto a questão do crédito. Imagine [a dificuldade de] comprar um veículo com essa taxa, somando ainda à inflação no preço do automóvel.”

    Outro aspecto é a queda e o comprometimento da renda das famílias. Leite aponta que a Anfavea acompanha a questão, mas diz que o problema ainda não afetou as vendas de veículos justamente porque, com a falta de carros nas concessionárias, as compras acabam mais concentradas em um público de renda mais alta, em modelos de SUV e carros mais completos. “Se tivéssemos uma produção maior, com o mercado maior, talvez ficasse mais evidente esse efeito da taxa de juros e da perda de poder de compra”, diz.