Descrição de chapéu mercado de trabalho

Afastamento por Covid de até dez dias não exige atestado médico

Nem todo trabalhador precisa buscar serviço de saúde para garantir licença

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São Paulo

O trabalhador com sintoma de Covid, com diagnóstico confirmado por teste ou que teve contato com alguém contaminado tem o direito de se afastar do trabalho presencial por até dez dias sem que precise apresentar atestado médico.

A garantia não é expressa na portaria 20, que trata das medidas de controle e prevenção à transmissão no ambiente de trabalho, mas o entendimento foi confirmado pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

"Para o afastamento previsto na portaria não necessita de atestado. Contudo, se o trabalhador precisar ficar afastado por mais tempo (para além dos dez dias), o atestado se faz necessário", afirmou a pasta.

A portaria praticamente iguala o enquadramento de casos confirmados, casos suspeitos e os chamados contatantes, que são aqueles que tiveram contato com alguém contaminado. Todos podem ficar fora das atividades presenciais por um período entre sete e dez dias.

São Paulo registrou, em janeiro, falta de remédios, de profissionais e unidades de saúde lotadas de pacientes com sintomas respiratórios de gripe ou Covid; na imagem, atendimento na AMA do Hospital Central Sorocabana, na Lapa, na capital - Mathilde Missioneiro-12.jan.22/Folhapress

Esse contato pode ter sido em casa, quando alguém do mesmo núcleo familiar pega o vírus, ou no trabalho, quando as duas pessoas –a com Covid e a com suspeita– ficaram no mesmo ambiente por mais de 15 minutos, a menos de um metro de distância, sem máscara ou com proteção inadequada, tiveram contato físico direto, ou dividiram o mesmo transporte.

Ao igualar as três situações, a portaria do governo garante a todos o mesmo tratamento, que é o direito ao afastamento sem a obrigação de ter o atestado. No caso do diagnóstico confirmado por teste, advogados vêm recomendando que as empresas se protejam e só permitam que o empregado continue trabalhando se ele manifestar essa vontade. O empregador não pode exigir a continuidade do trabalho.

Na quinta (27), o desembargador do trabalho Francisco Alberto Giordani, vice-presidente do TRT-15 (Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região), mandou os Correios na região de Campinas afastarem os trabalhadores que tiveram contato com colegas contaminados por um período de sete a dez dias.

À Folha, ele afirmou que a dispensa do trabalho presencial deve ocorrer a partir da comprovação do contato com o contaminado, e destacou que o atestado médico é inviável para os contatantes. Sem sintomas, não haveria o que ser atestado pelos serviços médicos.

Seja no caso dos funcionários dos Correios, que conseguiram a liminar, seja para dos demais trabalhadores, quando o trabalho remoto não foi viável, o empregado ficará afastado sem trabalhar, e não poderá ter o desconto dos dias.

Entenda os prazos

--> Diagnóstico de Covid

  • O teste vale como prova inicial da contaminação
  • Ele já vinha sendo considerado equivalente ao atestado
  • O afastamento de dez dias começa a ser contado no dia seguinte à realização do teste

Se tiver atestado

  • Vale o número de dias indicado pelo médico, seja ele superior ou inferior a dez dias

Retorno antecipado

  • O funcionário pode retornar ao trabalho presencial no 8º dia de afastamento
  • O retorno dependerá de ele não ter febre por 24 horas seguidas, sem o uso de antitérmicos
  • Os sintomas respiratórios também precisam estar mais leves do que nos primeiros dias

Trabalhando ou não

  • A portaria prevê o afastamento do trabalho presencial
  • Quem puder continuar trabalhando de maneira remota segue trabalhando
  • Isso não vale para casos mais graves, que demandam atendimento e orientação médica

--> Sintomas de Covid

É considerado trabalhador com síndrome gripal quem tiver pelos menos dois sintomas:

  • febre (mesmo quando aferida em casa)
  • tosse
  • dificuldade respiratória
  • distúrbios olfativos e gustativos
  • calafrios
  • dor de garganta e de cabeça
  • corisa
  • diarreia

Afastamento

  • O trabalhador com esses sintomas tem o direito de ficar afastado por dez dias
  • O prazo começa no dia seguinte à manifestação dos sintomas
  • Se ele não for ao médico, o afastamento poderá ser reduzido para sete dias
  • O retorno no oitavo dia dependerá de ele não ter febre por 24 horas seguidas, sem o uso de antitérmicos
  • Os sintomas respiratórios também precisam estar mais leves do que nos primeiros dias

Contato com alguém contaminado

A portaria prevê alguns critérios para quem teve contato com uma pessoa com Covid:

  • teve contato por mais de 15 minutos, a menos de um metro de distância, com um caso confirmado, sem máscara facial ou com a máscara usada de maneira incorreta
  • teve um contato físico direto, como aperto de mãos, abraços ou outros tipos de contato com caso confirmado
  • ficou a menos de um metro de distância durante transporte por mais de 15 minutos
  • compartilhou o mesmo ambiente domiciliar com um caso confirmado, incluídos dormitórios e alojamentos

Intervalo de contato

  • São suspeitos os contatos ocorridos entre dois dias antes e dez dias depois dos sintomas do colega ou pessoa da família
  • Essas pessoas, mesmo que não tenham sintomas, são consideradas suspeitas de contaminação

Afastamento

  • Deve ser de dez dias, contados do último contato com a pessoa contaminada
  • O afastamento pode ser reduzido para sete dias
  • Para isso, a empresa deve pagar um teste de Covid a partir do quinto dia de afastamento
  • Se o teste der negativo, o trabalhador pode retornar no oitavo dia ao trabalho presencial
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