Franklin de Freitas

O Paraná recebeu no final da noite de sábado (23) um lote com 86,5 mil doses da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca. A maior parte do imunizante, importado da Índia pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ficará com a regional metropolitana (28.530 doses). Por ora, contudo, não há previsão para o início da aplicação da vacina, conforme revelou nesta segunda-feira (25 de janeiro) a secretária de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak.

“Estamos aguardando. É uma surpresa boa [a chegada da vacina], chegou antes do que a gente esperava, muito bom. Estamos aguardando uma orientação, porque há uma discussão sobre a segunda dose, porque são prazos diferentes [para a Coronavac e a vacina de Oxford]”, afirma a gestora pública.

Hoje, a capital paranaense iniciou a aplicação da primeira dose da Sinovac em profissionais da linha de frente no enfrentamento à pandemia. Daqui 25 dias esses mesmos profissionais deverão tomar a segunda dose do imunizane. No caso da vacina de Oxford, contudo, ainda não se sabe qual será o prazo para aplicação da segunda dose ou mesmo se será, efetivamente, aplicada essa segunda dose nas pessoas. Isso porque a própria Fiocruz, responsável pela importação do imunizante, estuda com o Ministério da Saúde a possibilidade de aplicação apenas da primeira dose, a fim de se garantir que mais pessoas sejam vacinas em um menos espaço de tempo.

“A Sinovac, vai ser 25 dias [entre a 1ª e a 2ª dose]. A vacina de Oxford estão discutindo no Ministério, ela é 90 dias, mas ontem até saiu uma notícia que eventualmente não se faria a 2ª dose, há uma discussão da Fiocruz com o Ministério. Então vamos aguardar as orientações. Vamos usá-la, é claro, mas temos estoque ainda [da Coronavac] para vacinar essa linha de frente enquanto essa definição não vem”, disse Huçulak, contando que o imunizante de Oxford está guardado na Central de Vacinas do município. “Todas bem guardadinhas, nenhuma dose será perdida”.

‘Tratamos a segunda dose como um reforço’

Em entrevista à GloboNews na última semana , o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, disse que a aplicação de apenas uma dose da vacina de Oxford é algo que já vem sendo feito na Inglaterra e em outros países. Segundo ele, a ideia é aproveitar as características do imunizante 9que tem 73% de eficácia por 120 dias a partir da aplicação da primeira dose) para conseguir atingir um maior grupo de pessoas mais rapidamente, o que ajudaria a reduzir a carga viral da população e arrefeceria a crise pandêmica.

“Tratamos a segunda dose como um reforço. Não é uma vacina que precisa de duas doses, já que tem uma eficácia com a primeira dose. Dados científicos mostram que o esforço nesse espaço de tempo (120 dias) aumenta um dos componentes da resposta imune em cerca de 7x e eleva a eficácia para acima dos 80%.”, afirmou o especialista.