Entenda o mercado mexicano: do domínio da Nissan ao crescimento premium
Mesmo fora do top 10 da indústria, país é potência na exportação e exibe variedade de marcas de fazer inveja ao Brasil
O México ocupa um papel de grande importância dentro da indústria automotiva. Mesmo não estando entre os 10 maiores mercados do setor, o país é um dos protagonistas na América Latina por conta dos acordos comerciais e do alto volume de produção - em 2021, quase 3 milhões de veículos leves foram feitos ali.
A indústria mexicana abastece vários grandes mercados, como os Estados Unidos e o Brasil. De acordo com o Ministério da Economia, o México é o terceiro maior parceiro comercial da indústria automotiva brasileira, atrás apenas de Argentina e dos próprios Estados Unidos.
No nosso caso, a colaboração é facilitada pelo Acordo de Complementação Econômica nº 55 (ou simplesmente ACE 55), que foi assinado pelo Mercosul em setembro de 2002 para regulamentar o comércio automotivo entre os países do tratado e o México.
Mercado interno menor
Automotive Business esteve em solo mexicano para participar do lançamento do Volvo C40 e notou algumas características lembram muito o Brasil, como o clima e o trânsito caótico em metrópoles como Cidade do México e São Paulo. Só que as semelhanças param quando o assunto é a indústria automotiva.
Como já mencionamos na abertura do texto, o mercado mexicano é menor do que o brasileiro. Segundo dados da Associação Mexicana de Distribuidores de Automóveis (AMDA) e da Associação Mexicana da Indústria Automotiva (AMIA), 1.014.680 veículos leves foram vendidos em 2021. Isso representou um crescimento de 6,8% frente aos números de 2020, quando o mercado mexicano emplacou 950.063 unidades.
Quanto às exportações, o Instituto Nacional de Estatísticas (INEGI) informa que 2,7 milhões de veículos feitos no México foram destinados a outros países em 2021.
Para efeito de comparação, a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou mercado interno de 2,11 milhões de veículos no Brasil no ano passado, representando crescimento de 3% em relação a 2020. Nas exportações é que o mercado brasileiro perde "de lavada" para o mexicano: em 2021, o país comercializou 376,4 mil veículos.
Nissan é soberana
Mesmo não estando entre os gigantes quando se trata de mercado interno, o México oferece uma ampla variedade de montadoras, inclusive com marcas que há anos estão longe do Brasil, como Mazda e Seat. Neste cenário, ninguém vende mais carros por lá do que a Nissan.
No ano passado, a marca japonesa manteve a liderança absoluta de vendas com 20,1% de participação. É dela também o posto de modelo mais vendido do país com o Versa. Além do sedã, a empresa emplacou outros três modelos (Frontier, March e Sentra) entre os 10 mais vendidos. Todos, inclusive, são líderes em suas respectivas categorias.
“Somos o quarto mercado com maior volume de vendas para a marca no mundo, com mais de seis milhões de unidades vendidas historicamente. Fechamos o ano/calendário de 2021 com 203.918 veículos comercializados, representando cerca de 5% a mais do que o volume obtido em 2020”, afirmou José Román, presidente e diretor geral da Nissan mexicana.
O reinado japonês já dura 12 anos no país. Atualmente, a Nissan possui 20% de participação de mercado, bem à frente da vice-líder Chevrolet (11,7%) e da Volkswagen (9,7%).
“Esse feito tem relação direta com a tradição da empresa no México, que foi o primeiro mercado fora do Japão onde a Nissan se estabeleceu 60 anos atrás. Então existe uma relação muito especial entre os países”, afirma Luciana Herrmann, diretora de comunicação da Nissan do México.
Potência na exportação
A brasileira está na operação mexicana há seis anos e trabalhou na General Motors por 13 anos antes de ingressar na Nissan. Luciana acumula uma passagem pelo Japão e já trabalhou como diretora global de marketing da Datsun.
“Falando especificamente da Nissan, nós temos três plantas no país, sendo duas de veículos e uma de motores. Isso nos dá uma capacidade muito grande de abastecer diversos mercados no mundo. Hoje exportamos para 80 mercados no mundo e 60% de todo o volume produzido aqui é voltado para exportação. A maior parte, obviamente, vai para os Estados Unidos, estimo que uns 70% desse volume vai para lá”, revelou.
Primeira fábrica da Nissan iniciou produção em 1966
Atualmente, a Nissan Mexicana S.A de C.V (nome oficial da empresa por lá) disponibiliza 14 modelos diferentes, incluindo alguns já descontinuados por aqui (como March e V-Drive), além dos esportivos 370Z e GT-R.
“Além dos sedãs, o segmento de picapes é bastante forte (no México) com 13% do mercado. A gente tem uma linha de picapes muito extensa, com a Frontier como carro chefe, e hoje ela tem 40% do segmento. Vejo que a renovação da frota de veículos parece ser mais rápida do que o Brasil, talvez por mais acesso à financiamento, leasing e outros programas de acesso a veículos novos”.
Mercado de luxo tem Volvo ascendente e BMW líder
O segmento de marcas premium tem algumas semelhanças com o Brasil. Segundo Luis Rezende, presidente da Volvo para América Latina, “o mercado é do mesmo tamanho (do Brasil), mas com maior potencial de crescimento”. É por isso que a empresa sueca está de olho nos mexicanos.
“Estamos crescendo muito no México, onde tínhamos pouco mais de 3% antes de assumirmos as operações e hoje já estamos com 10%. Aqui, as pessoas têm o costume de consumir muito SUV de grande porte, até por conta da influência dos Estados Unidos. Então, espelhando-se em países como o Brasil, nossa expectativa é de vender de 8 a 9 mil carros em um futuro breve”, afirmou Luís.
Assim como no Brasil, a BMW também ocupa o primeiro lugar entre as marcas de luxo no México. No ano passado, o grupo alemão vendeu 12.895 unidades da marca BMW e 4.017 veículos MINI, resultando em aumentos de 13,4% e 7,3%, respectivamente, em relação ao ano de 2020.
Somando as vendas das marcas de automóveis com os números da BMW Motorrad, o BMW Group obteve uma participação de mercado de 31,2%.
O México ocupa o segundo lugar em todos os mercados onde o conglomerado alemão está presente na América Latina, perdendo apenas para o Brasil. Não por acaso, os dois países sediam as únicas fábricas do grupo na região.
“Temos o compromisso de trazer ao mercado mexicano os lançamentos mais recentes das nossas marcas, juntamente com seu início de vendas mundial”, declarou Maru Escobedo, CEO para o BMW Group México.