Frankin de Freitas – Laboratórios de Curitiba viram a demanda por testagem anticovid subir desde abril

Desde o final de março, quando o uso de máscaras deixou de ser obrigatório no Paraná, o município de Curitiba vem testemunhando um verdadeiro salto nos casos (novos e ativos) de Covid-19. E essa alta no contágio, como não poderia deixar de ser, reflete na procura por testes nos principais laboratórios, que viram a demanda triplicar recentemente, ao mesmo tempo em que a taxa de positividade (ou seja, o número de pessoas efetivamente diagnosticadas com a doença pandêmica) cresceu.

Diretor médico da Unimed Laboratório, Mauro Scharf comenta que a procura por testes havia crescido pela última vez em janeiro. Na sequência, em fevereiro, a demanda começou a cair e registrou estabilidade em março, com baixa procura pelos exames e positividade em torno de 10%. A partir da segunda quinzena de abril, no entanto, a procura pelos testes voltou a crescer, bem como a taxa de positividade.

Nas duas últimas semanas de abril a Unimed Laboratório realizou 2.605 testes de Covid, com a taxa de positividade em 30,7%. Já nas duas primeiras semanas de maio houve 3.687 testes realizados, sendo que quase 40% dos pacientes testaram positivo para a presença do novo coronavírus.

A tendência de alta ainda se mantém nesta semana. Na segunda-feira, por exemplo, foram feitos 515 testes, com taxa de positividade em 44,08% Ontem, foram 361 testes, com positividade em 44,32%. Para se ter uma noção do que isso representa, no dia 30 de abril haviam sido realizados 160 testes. Ou seja, a comparação entre o dia derradeiro de abril e a última segunda-feira mostra que a procura por testes cresceu mais de 221%.

No Laboratório de Análises Clínicas (Lanac) o cenário é parecido. Em março o estabelecimento vinha realizando de 40 a 50 testes de Covid por dia, com positividade de 5%. Até então a demanda vinha, principalmente, de pessoas que estavam com viagem marcada e precisavam, obrigatoriamente, fazer o exame. No mês passado, essa média já subiu para 100 testes por dia e a positividade passou para 18%. Por fim, em maio, foram realizados em média 150 testes diariamente nos 10 primeiros dias do mês, com positividade de 15%.

Segundo Mauro Scharf, diretor médico da Unimed Laboratório, o cenário atual é reflexo do relaxamento dos cuiddos para evitar a transmissão, com suspensão do uso das máscaras e retomada de eventos de massa como o carnaval, shows de música e outros. “Acompanhamos com preocupação esse momento, especialmente pelas baixas temperaturas e a presença concomitante de outras viroses respiratórias, além da COVID-19”, explica.

Região Sul lidera alta na positividade, mostra rede de saúde

Um levantamento feito pela Dasa, rede de saúde integrada do Brasil do qual o laboratório curitibano Frischmann Ainsengart faz parte, identificou um aumento nos índices de positividade para Covid-19 nas mais de 900 unidades da rede. E os resultados revelam ainda que a região Sul do país apresentou a maior alta nas semanas analisadas.

A média semanal de resultados positivos em todas as unidades do país passou de 19,93% entre os dias 02 e 08 de maio para 23,93% no período de 9 a 15 de maio, um aumento de 4 pontos percentuais. Se comparada com a média da semana de 25 de abril a 1º de maio, quando a média foi de 14,56%, o aumento é de 9 pontos percentuais. A região Sul, por sua vez, apresentou a maior alta, com 37%, nas semanas analisadas.

Por fim, a média de volume de testes realizados em todas as unidades do Brasil apresentou aumento de 25%, comparando as semanas de 02 a 08 de maio a de 9 a 15 do mesmo mês.

E as restrições? O que aconteceu?

A alta recente nos casos de Covid-19 em Curitiba tem feito as pessoas mais atentas se questionarem sobre o motivo de não serem adotadas, novamente, medidas mais restritivas para garantir um maior distanciamento social e/ou uma redução na circulação de pessoas, fazendo achatar a curva de contágio no município. E na última semana o Bem Paraná converseu com o diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Alcides Oliveira, para esclarecer justamente questões como essa.

Segundo Oliveira, o principal fator que tem permitido a Curitiba esboçar um retorno à normalidade, mesmo em meio à alta nas contaminações, é que a taxa de internações permanece em nível baixo na cidade. Ou seja, mesmo com um número considerável de pessoas contaminadas, poucas estão tendo complicações e precisando ficar internadas em enfermarias ou Unidades de Terapia Intenstiva (UTIs).

“No início tínhamos mais internações do que atualmente, mas a transmissão da doença continua ocorrendo e ainda temos um fator sazonal, que é o final de outono e início de inverno”, comenta o especialista, destacando o poder de proteção das vacinas, que mais uma vez se comprova.

UFPR

Pesquisa compara métodos de testagem da Covid-19

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR) comparou três métodos de coleta para detecção do vírus Sars-CoV-2: swab nasofaríngeo, saliva e bochecho. Os resultados indicam que os dois primeiros possuem precisão semelhante, o que credenciou a utilização de saliva como o método aplicado nas testagens na UFPR desde 2020. Até o momento, cerca de 40 mil amostras já foram analisadas pelos laboratórios do Departamento de Genética da UFPR, em uma ação coordenada pelo Setor de Ciências Biológicas, em parceria com o Centro de Atenção à Saúde (Casa 3) e do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Saúde (Nepes).