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Inadimplência deve continuar em alta no 2º trimestre, prevê Bradesco

Índice de pagamentos em atraso avançou para 3,2% em março de 2022

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São Paulo

​O Bradesco prevê que o índice de inadimplência do banco, que passou de 2,5% em março de 2021 para 3,2% no final do primeiro trimestre, deve manter a trajetória de alta nos próximos meses.

Segundo Octavio de Lazari Junior, presidente-executivo do Bradesco, a expectativa é que a taxa de atrasos acima de 90 dias tenha uma elevação entre 0,10 a 0,20 ponto percentual ao longo do segundo trimestre do ano, chegando a níveis próximos de 3,5%.

A alteração no mix da carteira de crédito, com uma expansão de linhas de maior spread (de forma simplificada, o lucro na operação) entre as pessoas físicas, como no cartão de crédito, contribui para o aumento do índice de atraso, afirmou Lazari, durante coletiva com a imprensa nesta sexta-feira (6).

Octavio de Lazari Junior, presidente-executivo do Bradesco, durante evento sobre investimentos em São Paulo
Octavio de Lazari Junior, presidente-executivo do Bradesco, durante evento sobre investimentos em São Paulo - Amanda Perobelli - 11.out.2019/Reuters

Entre as pessoas físicas, a taxa de atrasos superior a 90 dias alcançou 4,4% em março de 2022, ante 3,5% em março de 2021 e 3,8% em dezembro do ano passado.

Já para o segundo semestre, "a inadimplência deve apresentar relativa estabilidade", comentou o executivo.

"O Bradesco conseguiu uma expansão considerável de sua carteira de crédito, porém teve crescimento consistente também da sua inadimplência, fator que consideramos crucial para o retorno sustentável de um banco, principalmente frente ao cenário macro econômico mais sensível", diz Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.

As ações do banco operaram em alta firme durante todo o pregão e fecharam com ganhos de 2,1%, ante a queda de 0,16% do índice amplo Ibovespa.

"As ações do Bradesco estão entre as mais baratas entre os bancos da América Latina", dizem os analistas do UBS BB, que afirmam que o valor atrativo do papel é o principal pilar que sustenta a recomendação de compra para os papéis do banco.

O Bradesco teve um lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões no primeiro trimestre de 2022, o que corresponde a um crescimento de 4,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, e de 3,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior, segundo balanço divulgado na quinta (5).

A carteira de crédito do banco chegou a R$ 834,5 bilhões ao final de março, o que equivale a uma expansão de 18,3% em bases anuais e de 2,7% na margem.

Um dos destaques do primeiro trimestre, a linha de crédito imobiliário cresceu 23,3% em 12 meses, mas Lazari afirmou que, para o restante do ano, a tendência é que o segmento não repita o mesmo desempenho, até pelo patamar em que se encontra a taxa básica de juros (Selic).

Projeções revisadas

Segundo Lazari, "em vista das significativas mudanças da dinâmica dos mercados onde atuamos", com a Guerra da Ucrânia e a pressão inflacionária em escala global, o banco promoveu uma alteração no "guidance" (projeções) de algumas métricas financeiras.

O crescimento da margem com clientes passou de um intervalo entre 8% e 12% para entre 18% e 22%, enquanto o avanço esperado da receita de prestação de serviços passou de 2% a 6% para o intervalo entre 4% e 8%.

No ambiente macroeconômico atual, os níveis de spread praticados junto aos clientes em linhas de maior risco e retorno, como cartão de crédito, cheque especial e crédito rotativo, têm superado as expectativas do banco, afirmou o executivo.

Já a estimativa para a PDD foi de R$ 15 bilhões a R$ 19 bilhões para o intervalo entre R$ 17 bilhões e R$ 21 bilhões. Em relação a despesas operacionais, o guidance passou de 3% a 7% para o intervalo entre 1% e 5%.

"Embora seja surpreendente que o banco tenha feito tantas revisões significativas em seu guidance, consideramos o valuation das ações atraente, especialmente considerando que o ROE do grupo teve uma média de 18% nos últimos cinco trimestres", dizem os analistas do Bank of America, que também tem recomendação de compra para os papéis do banco.

"O Banco Central avançou com a política monetária e esperamos ver uma desaceleração da inflação durante o ano, mas os juros devem permanecer elevados por um longo período, o que deve impedir um crescimento maior do PIB", afirmou o presidente do Bradesco.

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