Desequilíbrio entre talentos femininos e masculinos é desvantagem às empresas automotivas

Telma Cracco, vice-presidente para a América do Sul da CNH Industrial, acredita que homens e mulheres precisam criar ambiente de trabalho inclusivo

Por NATÁLIA SCARABOTTO, AB
  • 12/03/2021 - 09:30
  • | Atualizado há 2 anos, 9 meses
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    Apesar do empenho de diversas empresas para fomentar a equidade de gênero no setor automotivo, ainda há um caminho longo a ser percorrido. Nesta Semana da Mulher, AB Diversidade publica todos os dias uma entrevista com importantes representantes do setor sobre o tema.

    Para Telma Cracco, vice-presidente para a América do Sul da CNH Industrial, a equidade entre os pares “é uma dívida" que, segundo ela, “precisa ser paga com dois credores principais: as profissionais que investiram e investem na própria qualificação e as empresas que hoje que estão em 'desvantagem' por não terem uma quantidade equilibrada de talentos femininos nos seus times".

    A indústria automotiva ainda abre pouco espaço para as mulheres: em cargos de alta gestão elas representam apenas 6%, conforme aponta a pesquisa Liderança do Setor Automotivo, feita por Automotive Business com a coordenação técnica da MHD Consultoria. Dentro de todo o segmento, elas somam apenas 19% da força de trabalho, com maiores desafios, mas menores oportunidades e salários (veja aqui), segundo o estudo Diversidade no Setor Automotivo.

    Telma Cracco faz parte do grupo CNH Industrial há mais de 25 anos, ali começou e desenvolveu toda a sua carreira. Com vasta experiência na área de recursos humanos e conhecimento na gestão de pessoas e cultura organizacional, atuou em diferentes cidades do Brasil. Em 2013, foi trabalhar na companhia nos Estados Unidos, como expatriada. Em janeiro de 2017, assumiu a diretoria de recursos humanos para a América do Sul e, em 2019, foi alçada à posição de vice-presidente da área na CNH Industrial.

    Na sua visão, qual é a importância da equidade de gênero para o setor automotivo?



    Equidade de gênero no setor automotivo é para mim uma “dívida” que precisa ser paga com dois credores principais: as profissionais que investiram e investem na própria qualificação; e as empresas que hoje que estão em desvantagem pela falta quantidade equilibrada de talentos femininos nos seus times. Além disso, é preciso que as nossas meninas, a nova geração que um dia chegará ao mercado de trabalho, considerem o setor automotivo como uma opção interessante e viável para seus propósitos de vida.

    Que conselho você daria às mulheres que querem construir carreira no setor? E aos homens que buscam fomentar a equidade?



    Às mulheres é que busquem a qualificação técnica, mas que acima de tudo nunca abram mão das características próprias da mulher como alavanca no desenvolvimento do seu trabalho. Aos homens, que criem um ambiente realmente inclusivo no sentido amplo da palavra, para que as mulheres possam desabrochar todo o seu potencial. Algumas atitudes que podem ser promovidas são a escuta ativa, sororidade e o patrocínio da liderança masculina às questões que envolvem as mulheres.

    Quais oportunidades e desafios você enxerga na busca da equidade de gênero dentro do setor?



    A oportunidade está no número expressivo de mulheres com formação STEM (sigla em inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática) no Brasil frente ao nível de inovação que o setor oferece. Já o desafio é a mentalidade ainda presente no segmento do “mudar pra que?”. Algo que precisamos alterar na origem.

    O que você gostaria de receber de presente de Dia da Mulher?



    Gostaria de receber dois presentes: a extinção do feminicídio e da violência contra a mulher em todas as suas formas e o maior equilíbrio de gênero em todos os níveis das empresas do nosso setor.