Mais de 70% das indústrias enfrentam dificuldades em obter insumos e matérias-primas

Pesquisa da CNI mostra que não houve melhora em relação ao registrado em novembro do ano passado. Maior parte das empresas aguarda normalização apenas no segundo semestre

Linha de produção de eletro eletrônicos da Semp Toshiba. Chão de fábrica. Indústria
Desvalorização do real aumentou o custo da importação para as indústrias brasileiras

As indústrias brasileiras continuam com dificuldade em obter insumos e matérias-primas nacionais e importadas e de atender seus clientes. De acordo com o levantamento mais recente realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 73% das empresas da indústria geral (extrativa e de transformação) e 72% das empresas da indústria da construção encontram dificuldades em obter os insumos e matérias-primas produzidos no Brasil.

A Sondagem Especial foi feita com 1.782 empresas ao longo de fevereiro. Os percentuais permanecem próximos dos registrados em novembro de 2020, quando 75% e 72%, respectivamente, observaram esse problema.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, explica que, diante disso, as expectativas de normalização das cadeias das produtivas nacionais, inicialmente previstas para este semestre, foram frustradas.

Assim, 37% das empresas esperam que a situação se normalize nos próximos três meses, 42% preveem melhora apenas para o segundo semestre e 14% só veem um cenário mais positivo em 2022.

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De acordo com a pesquisa, 65% das empresas da indústria geral que utilizam insumos importados, estão com dificuldades para conseguir insumos, mesmo pagando mais caro. Esse percentual sobe para 79% das empresas no setor de construção que precisam importar insumos ou matérias-primas. 


“Essa desestruturação das cadeias produtivas ainda é resultado das enormes incertezas que a economia atravessou na primeira onda. A compra de insumos pelas empresas foi cancelada e os estoques foram reduzidos, um movimento que atingiu praticamente todas as empresas das cadeias de produção. A rápida retomada da economia no segundo semestre de 2020 não pode ser acompanhada no mesmo ritmo por todas as empresas o que gerou dificuldades nos diversos elos da cadeia”, explica Robson Andrade.


Segundo ele, adicionalmente, a desvalorização do real tornou as exportações mais atrativas e redirecionou parte do fornecimento de matérias-primas, insumos e produtos finais ao mercado internacional e aumentou o custo dos insumos e matérias-primas importados para as indústrias brasileiras.

“O resultado foi um aumento ainda mais acentuado de preços e uma dificuldade ainda maior de obter os insumos e matérias-primas”, afirma o presidente da CNI.

Empresas com dificuldades para atender clientes 

Como consequência, em fevereiro de 2021, 45% das empresas da indústria geral (transformação e extrativa) afirmaram ter dificuldade em atender parte da demanda. O percentual é menor que os 54% observados em novembro de 2020 e próximo aos 44% observados em outubro.

Na indústria da construção, 30% das empresas relatam dificuldade em atender a demanda, percentual similar aos 31% observados em novembro e maior que os 19% observados em outubro de 2020.

VÍDEO: Marcelo Azevedo, gerente de análise econômica da CNI, avalia a pesquisa

Entre os 26 setores de atividade da indústria de transformação considerados na pesquisa, em 13 pelo menos 50% das empresas tiveram dificuldades para atender para atender sua demanda em fevereiro de 2021. 

No setor Informática, eletrônicos e óticos, por exemplo, a falta de insumo atingiu 69% das indústrias em fevereiro deste ano. Em novembro do ano passado, afetava 42% das empresas do setor.

Além desse setor, entre os setores com mais dificuldade para atender sua demanda estão: Metalurgia, Veículos automotores, Máquinas e equipamentos, Móveis, Têxteis, Celulose e papel, Madeira, Máquinas e materiais elétricos, Produtos de metal, Material Plástico, outros equipamentos de transporte e produtos diversos. 

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