Empresários atribuem retração do comércio ao fim do auxílio e à piora da pandemia

Segundo Flavio Rocha, da Riachuelo, retomada econômica, que compensaria perda do benefício, não se confirmou; Tito Bessa, da TNG, diz que cenário do setor é incógnita

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São Paulo

O fim do auxílio emergencial e o aumento de casos de Covid-19 no Brasil têm feito com que os resultados do varejo fiquem abaixo das projeções do setor.

Segundo empresários de grandes redes varejistas, os meses de agosto, setembro e outubro apontavam para uma recuperação, mas novembro, dezembro e janeiro foram muito piores do que o esperado.

Nesta quarta (10), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que as vendas do setor despencaram 6,1% em dezembro, queda acima da esperada pelo mercado, que projetava um recuo de 0,7% no mês. No ano, o varejo encerrou com alta de 1,2%, a mais baixa nos últimos quatro anos.

“As vendas caíram muito. Imaginava-se que o fim do auxílio seria compensado pela retomada econômica, mas veio a segunda onda. Então, acabou o auxílio e a retomada não veio”, diz o empresário Flávio Rocha, que comanda a rede Riachuelo.

Rocha afirma que o mês de janeiro foi o pior mês desde agosto, quando diversos estados flexibilizaram as medidas restritivas adotadas para contenção da Covid-19, o que aumentou a circulação de pessoas nas ruas e levou a uma retomada nas vendas.

“Esperava-se a retomada, mas ficamos no pior dos mundos, sem auxílio e sem emprego”, afirma ele.

O começo da vacinação contra o vírus no Brasil não anima o empresário. Rocha diz que para uma retomada de fato é necessário acabar com as restrições de dias e horários impostas por alguns prefeitos e governadores.

“As restrições são terríveis. Nos ambientes de forte risco de contágio, como praias e bailes funks, não há controle ou restrição. São punidos os ambientes onde o contágio não acontece”, afirma ele.

Ele chama as restrições de contrassenso. “Não faz sentido restringir ambientes seguros e necessários para a retomada.”

Pata Tito Bessa Junior, da TNG, o ambiente se deteriorou de tal maneira que considera até complicado fazer uma projeção para os próximos meses.

"É difícil fazer um prognóstico. A cada semana fazemos um planejamento diferente. Belo Horizonte, por exemplo, passou fechado durante o mês de janeiro inteiro. Então, todo planejamento feito em outubro, teve que ser refeito", diz o empresário.

Segundo ele, no entanto, o fim do auxílio emergencial não deve ter um impacto muito grande no seu negócio.

"No caso da TNG, como eu não tenho loja em shopping voltado para classe C o nosso problema não é o fim do auxílio. Precisamos é do auxílio do governo para nos manter vivos", afirma Bessa Junior.

Assim como Rocha, ele não se mostra tão otimista com a vacinação. "Acho que vamos sofrer ainda até o final de março, enquanto a pandemia não estabilizar e a vacina não tiver esse efeito de segurança."

Para Caito Maia, da Chilli Beans, o momento obriga a busca de alternativas para compensar a conjuntura, e é o que ele tem feito.

Mesmo com lojas fechadas no estado de São Paulo e nas capitais do Amazonas e de Minas Gerais, janeiro trouxe para a empresa um resultado 1% acima do que foi registrado no mesmo período de 2020, pré-pandemia.

“Esses fechamentos são muito graves, pois impactam o faturamento. O fim do auxílio também é grave. É um poder aquisitivo que você está tirando do consumidor”, diz ele.

“Mas não fico olhando para essas coisas. Vejo empresários botando culpa nisso. Nós vamos buscar alternativas e nichos de mercado que ainda não exploramos”, diz.

Segundo ele, a Chilli Beans registrou um resultado 10% mais alto no último quadrimestre de 2020, na comparação com 2019.

“Ainda assim, o ano teve uma queda de 11% . O que na minha opinião é um milagre já que ficamos quatro meses fechados”, afirma.

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