Por Valor Online


O percentual de indústrias com dificuldade para atender seus clientes aumentou de 44% para 54% entre outubro e novembro. É o que revela a Sondagem Especial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Em 19 dos 27 setores analisados na indústria de transformação, a dificuldade para atender a demanda afeta, pelo menos, 50% das empresas. Na sondagem de outubro, eram 10 setores nessa situação.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca que a dificuldade de se obter insumos domésticos, apontada na Sondagem Especial anterior, em outubro, como o principal gargalo pelos executivos, passou a atingir 75% da indústria. O percentual revela um agravamento do problema. Em outubro, 68% dos entrevistados estavam enfrentando essa dificuldade.

“Apesar da recuperação da produção industrial nos últimos meses, os estoques iniciaram novembro ainda baixos, aumentando a dificuldade de se conseguir insumos nacionais. Esse problema está desorganizando as cadeias de produção, repercutindo em toda indústria, criando entraves para a continuidade da recuperação do setor”, diz Robson Braga de Andrade, em comentário enviado à imprensa.

Setor que serve de parâmetro para o ritmo da indústria se adapta para atender encomendas

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Praticamente todos os empresários consultados acreditam que a questão do abastecimento só será normalizada em 2021. Considerando os empresários da indústria de transformação, para quase metade dos entrevistados (47%), a normalização ocorrerá no 1º trimestre de 2021. Outros 30% acreditam que o desabastecimento chega até o 2º trimestre de 2021 e 16%, na segunda metade de 2021 ou além. Apenas 4% acreditam que ainda em 2020 o problema será equacionado.

A dificuldade para atender a demanda dos clientes continua sendo maior no setor de móveis. Em novembro, oito em cada dez empresas (81%) relatam problemas para atender os prazos ou dar vazão aos pedidos dos clientes. Em outubro, eram 70%. O problema agravou-se com um aumento de 20 ou mais pontos percentuais (p.p.) no indicador em quatro setores: automóveis (com aumento de 27 p.p.), produtos de madeira (24 p.p.), couros e artefatos de couro (20 p.p.) e máquinas e equipamentos (também com 20 p.p.).

Em apenas dois setores, o percentual de empresas com dificuldade para atender a demanda não aumentou: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e outros (queda de 48% para 42%) e biocombustíveis, que praticamente manteve o percentual, de 9% para 8%.

No setor de móveis, a dificuldade para conseguir insumos afeta 95% das empresas. Em 21 dos 27 segmentos analisados na Sondagem Especial o percentual de executivos que relatam problemas para conseguir a matéria-prima é igual ou superior a 70%. O índice de indústrias com dificuldades subiu em 24 dos 27 setores avaliados.

A dificuldade para atender a demanda também se agravou na construção civil. Em outubro, 19% dos representantes deste segmento estavam deixando ou demorando a atender os clientes. Em novembro o indicador saltou para 31%. Mais uma vez o maior vilão do setor produtivo é a falta de insumos. Quase três quartos (72%) das empresas enfrentaram dificuldades para conseguir matérias-primas em novembro. O percentual revela o agravamento da crise de abastecimento. Em outubro, o problema atingia 60% das empresas da construção civil.

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