Claudio Bernardes

Engenheiro civil e vice-presidente do Secovi-SP, A Casa do Mercado Imobiliário

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O necessário equilíbrio entre adensamento e áreas verdes nas áreas urbanas

Relação é condição essencial para implementar modelo de cidade compacta

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O adensamento urbano aumenta a sustentabilidade das cidades, reduz a dependência do automóvel, facilita caminhadas, ciclismo, implantação e uso do transporte público, otimiza o custo da infraestrutura, entre outros impactos positivos nas cidades. No entanto, um desafio significativo para os planejadores é implementar modelos que privilegiem o adensamento e, ao mesmo tempo, mantenham e induzam a criação de espaços verdes urbanos em quantidade suficiente para que se alcance níveis adequados de qualidade de vida e equilíbrio ambiental.

A falta de conhecimento sobre os graus de importância dos espaços verdes nas áreas urbanas é um dos desafios para a tomada de decisão. É importante, por exemplo, compreender onde e de que forma é necessária a existência de áreas verdes para o benefício humano ao invés da biodiversidade, e vice-versa. A falta de compreensão mais ampla dessa questão pode levar a um conflito de visões entre os diversos segmentos da sociedade e dos planejadores.

Diferentes tipos de espaços verdes têm diferentes qualidades e funções. Embora os parques públicos urbanos desempenhem papel importante como espaços recreativos, muitas áreas com vegetação são cruciais como habitats para a flora e a fauna urbanas, ou para promover funções físicas, como sequestro e armazenamento de carbono.

É essencial, portanto, relacionar a provisão de espaços verdes com a demanda potencial dos moradores urbanos, considerando os diferentes tipos de áreas verdes. Dessa forma, pode ser desenvolvida uma compreensão sistemática entre a relação da oferta de espaços verdes e a densidade residencial das cidades.

Para entender melhor essas questões, os pesquisadores alemães Manuel Wolf e Dagmar Haase efetuaram análise baseada em uma amostra de 905 cidades europeias, calculando a disponibilidade de áreas verdes a seus habitantes. Para permitir comparações entre as cidades, eles definiram o Quociente de Espaço Verdeárea verde em hectares disponível para determinada área residencial–, e o Espaço Verde per capita, que é a oferta total de áreas verdes por residente. Os pesquisadores diferenciaram os espaços verdes urbanos, aqueles inseridos nas áreas urbanizadas, dos espaços verdes totais, que incluem eventuais florestas existentes nas áreas urbanas. O estudo dividiu também as cidades em três níveis de adensamento: baixo (menor que 65 hab/ha), médio (entre 65 e 90 hab/ha) e alto (acima de 90 hab/ha).

Os pesquisadores concluíram que encontrar o equilíbrio entre densidade residencial e alta densidade populacional em um ambiente urbano verde e sustentável é um grande desafio para o planejamento. A compreensão sistemática das ligações quantitativas entre os espaços verdes nas cidades e as densidades deve ajudar a responder à necessidade crescente de uma melhor gestão do solo urbano, para assegurar áreas e recursos naturais dentro do espaço urbanizado.

Alternativas, como promover espaços verdes multifuncionais, implantar infraestruturas verdes ou soluções baseadas na natureza, além de promover o desenvolvimento sustentável das cidades, aumentam os níveis de áreas verdes.

É importante que a provisão de espaços verdes e o planejamento de altas densidades residenciais andem de mãos dadas. Assim, os indicadores de oferta e de necessidade de espaços verdes podem ser usados para refletir aspectos quantitativos das relações humanas e ambientais, que abordam a multifuncionalidade dos espaços verdes nas cidades como uma alternativa importante.

O estudo aponta, ainda, que a variação detectada em termos de localização regional e tamanho da população sugere que uma dada provisão de espaço verde não leva necessariamente a uma oferta de espaço verde proporcional, o que requer estratégias contextualizadas de acessibilidade a esses espaços.

Parece claro que o modelo de cidade compacta não deve ser aplicado sem considerar as diferentes necessidades dos variados níveis de adensamento, e alinhar essas necessidades com a quantidade, qualidade e distância que os habitantes estão de ecossistemas de áreas verdes.

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