FCA Latam alonga investimentos e prevê crescimento mais rápido

Antonio Filosa, CEO da FCA Latam: “O pessimismo é um sentimento que deve ficar no passado”

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 29/09/2020 - 17:50
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Falando aos principais fornecedores da empresa durante o Annual Supplier Conference & Awards na terça-feira, 29, Antonio Filosa comemorou a recuperação do mercado brasileiro mais rápida do que era esperado e mais acelerada ainda para a FCA, deixou para traz as previsões catastróficas que ele mesmo compartilhava em abril, quando o cenário era de queda nas vendas entre 35% e 40%. O CEO da FCA na América Latina foi taxativo: “O pessimismo é um sentimento que deve ficar no passado”, disse, incentivando a cadeia de suprimentos a aumentar a produção e nacionalização de componentes para acompanhar o crescimento esperado da demanda e reforçando a mensagem que passou em agosto, durante entrevista ao podcast especial do #ABPlanOn - Planejamento Automotivo (ouça aqui).

    “Ainda estamos em meio à crise, mas há sinais claros de inflexão do mercado. Vemos claramente a recuperação, não na intensidade que precisamos, mas melhor do que prevíamos e estamos avançando rápido. Devemos ser mais otimistas e olhar para o futuro”, avalia Antonio Filosa.



    LANÇAMENTOS MANTIDOS



    Para este futuro otimista, Filosa acenou aos fornecedores com o programa de investimentos de R$ 16 bilhões da FCA no Brasil, que precisou ser alongado em mais um ano, agora vai até 2025, mas os valores e projetos estão todos mantidos. Entre eles, o executivo destacou 12 “importantes lançamentos”, incluindo três SUVs – dois Fiat e um Jeep que serão lançados nos próximos 18 meses –, duas picapes (a nova Fiat Strada já lançada e a Ram 1500 que deve chegar em breve importada do México), quatro reestilizações de veículos em linha e três modelos que serão completamente renovados com novas plataformas, design e tecnologias.

    A estratégia da FCA na região irá focar em produtos das três principais marcas do grupo, segundo explicou Filosa, com expansão da lista de modelos da Fiat (incluindo a entrada no segmento de SUVs em 2021), a consolidação do portfólio de utilitários esportivos da Jeep que em 2021 vai ganhar um novo membro de sete lugares para ser “o mais sofisticado SUV produzido no Brasil”, além do relançamento da Ram com picapes luxuosas e robustas – para estas ainda não está nos planos a produção local.

    Também está na lista de investimentos novos powertrains, com dois novos motores turbinados com tecnologia Multiair que começam a ser produzidos em Betim (MG) no início de 2021: de 1 litro com 125 cavalos e torque máximo de 200 Nm e 1.3 com 185 cv e 270 Nm. Além das transmissão automática de seis velocidades da Aisin já incorporada a modelos Fiat e Jeep no País, também será introduzido um novo câmbio CVT, em mais uma oportunidade de nacionalização ao fornecedor.

    A ideia, disse o executivo, é oferecer no Brasil múltiplas opções de propulsão, que além da oferta dos novos motores turbinados flex etanol-gasolina, também incluem o que ele chamou de “Rota do Etanol” para privilegiar o uso do combustível neutro em emissões de CO2 como boa solução para aumentar a eficiência ambiental de carros híbridos, por exemplo. Também está nos planos o lançamento de veículos eletrificados: os dois primeiros serão o Fiat 500e elétrico e o Jeep Renegade 4xe híbrido plug-in.

    Filosa destacou ainda a adoção nos próximos anos de novas tecnologias avançadas de assistência ao motorista (as ADAS), como o assistente eletrônico de curvas e permanência em faixa, e introdução de novos sistemas de conectividade e infoentretenimento, com telas maiores e serviços conectados nos carros, como pagamentos eletrônicos.

    PRODUTOS PARA TODOS OS CLIENTES DO “NOVO NORMAL”



    Citando uma pesquisa do Google, o CEO da FCA Latam apontou que 48% dos ouvidos disseram que pretendem comprar um carro e já planejavam fazer isso antes da pandemia, mas 52% deles têm hoje novos motivos para isso – e Fiat, Jeep e Ram têm “produtos que atendem a todos esses clientes do novo normal”, lembrou.

    Segundo a pesquisa, 17% dos ouvidos vão comprar “o carro dos sonhos que sempre desejaram”, no que Filosa chamou de “consumo de celebração”, de pessoas com alto poder aquisitivo que viram sua liberdade limitada durante a quarentena imposta pela pandemia e agora querem voltar a consumir tudo que gostam. Outros 15% sofreram mudanças na vida pessoal, não precisam mais morar perto do trabalho, podem se mudar até de cidade, porque estão em regime remoto de home office, e por isso precisam de um veículo diferente para outros fins, como sair para compras ou levar os filhos às escola. Já os 20% restantes incluíram em sua intenção de compra a “lógica do medo”, querem um carro para viajar ou fugir do transporte público para evitar o contágio da Covid-19.

    “Temos um conjunto de produtos e tecnologias que atendem todos esses consumidores, desde veículos mais sofisticados Jeep e Ram até os mais acessíveis Fiat”, destacou. “Estamos entre as fabricantes que mais farão lançamentos nos próximos anos e a base de tudo isso que estamos planejando são os fornecedores”, resumiu Filosa.