Green Mining aposta na eficiência da logística reversa para solucionar problema de reciclagem

Dezenas de milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos são geradas anualmente no Brasil, as quais deveriam — pelo menos de acordo com a legislação vigente e as tecnologias disponíveis — receber uma destinação limpa e economicamente viável, mas não é isso que de fato ocorre. Diante do cenário, a Green Mining decidiu resolver o problema de ineficiência na cadeia para aplicar o mesmo compliance da indústria na hora de reciclar.

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Sem previsão para desacelerar, a startup brasileira visa solucionar o problema de reciclagem do mundo, e já tem software para isso.

Fundada em 2018 por Rodrigo Oliveira, Adriano Ferreira e Leandro Metropolo, com o impulso inicial do programa 100+ Accelerator promovido pela Ambev (ABEV3), a Green Mining comprou a “dor” da má disposição de resíduos sólidos e desenvolveu um software de logística reversa para recuperar embalagens pós-consumo.

Para tanto, a empresa compila dados de vendas da indústria e processa as informações através de algoritmo proprietário para descobrir o quanto de embalagens foram colocadas no mercado e onde.

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A startup concentra a atenção prioritariamente nos pontos de consumo, onde consegue obter dados de quilos gerados mensalmente.

O sistema concatena as informações em dois quilômetros de raio e classifica as áreas em cores. Os pontos vermelhos —  onde foram identificadas grandes volumes de geração de resíduos — são chamados de hotspots. Neles são posicionados HUBs para armazenar o material coletado.

“A eficiência está em como fazer a separação dos materiais”, disse Rodrigo Oliveira, CEO da Green Mining, ao SUNO Notícias. “Com separação na fonte, o resíduo tem mais qualidade, não contamina e pode ser concentrado de uma única forma — exemplo: pet com pet; papelão com papelão — para ser levado diretamente à usina de reciclagem.”

O conceito de mineração urbana

O conceito central da startup foi emprestado de outro setor: o da mineração. As companhias de extração de minério, incluindo Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3), exploram jazidas para fornecer os insumos necessários à indústria. A Green Mining quer o mesmo, mas com um upstream diferente.

“É interessante a logística reversa, porque é pego tudo que já foi feito e se faz um ‘retrofit’”, afirmou Oliveira. “Quando olhamos para a geração é como se identificassem a mina. (…) E feliz ou infelizmente, uma que nunca se exaure.”

Entre 2010 e 2019, a geração de resíduos sólidos urbanos no Brasil passou de 67 milhões para 79 milhões de toneladas por ano, conforme dados do último relatório da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). A geração per capita aumentou de 348 kg/ano para 379 kg/ano.

Segundo a entidade, a maior parte dos resíduos sólidos gerados segue para disposição em aterros sanitários. A modalidade registrou incremento de 10 milhões de toneladas em uma década.

Ainda assim, a quantidade de materiais destinada a unidades inadequadas (lixões e aterros controlados) também cresceu, passando de 25 milhões de toneladas por ano para pouco mais de 29 milhões de toneladas por ano.

“É varrer o lixo para baixo do tapete”, criticou o cofundador e CEO da Green Mining. “Imagine a sua sala se todo o lixo fosse varrido para baixo do tapete. Seria preciso ir para o quarto, para o vizinho, a outro lugar. É o que estamos fazendo.”

“A geração de resíduos é uma bola de neve, indo de ladeira a baixo.”

O tal do “ganha-ganha-ganha”

A Green Mining não pretende ser o Sísifo dessa história.

Na busca por escala, o modelo de negócios da empresa foi pensado para ser uma prestação de serviços — sendo o braço que irá recuperar embalagens e materiais e levá-los de volta para a cadeia de suprimentos.

A startup recebe da indústria, pois as companhias desejam o material para produzir produtos reciclados, enquanto alivia a barra de estabelecimentos de consumo, grandes geradores como bares e restaurantes, os quais são obrigados a pagar por um serviço de coleta privado.

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Rodrigo Oliveira descreveu o formato como uma “triangulação ganha-ganha-ganha”, na qual a indústria tem o insumo, a startup presta o serviço com o fee mensal e o estabelecimento comemora o saving.

Iniciadas junto à Ambev, as operações da companhia foram expandidas para outras marcas. Com mais empresas, a Green Mining passou a coletar mais materiais e ver uma sinergia, cujo resultado são custos mais baixos e eficiência maior.

Hoje, a startup tem 22 HUBs de coleta e retirou, até o momento, 1.736.383 quilos de resíduos. Isso corresponde a 289.397 quilos de CO2 retirados do meio ambiente.

A ambição da startup Green Mining

Dados do Banco Mundial mostram que o planeta gera 2,01 bilhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos anualmente, com pelo menos 33% deles — em uma métrica conservadora — não gerenciados de maneira ambientalmente segura.

As projeções apontam para um futuro no qual o lixo global cresça para 3,40 bilhões de toneladas até 2050.

“A grande questão está em melhorar a geração e mapeá-la para trazer eficiência”, pontuou Oliveira.

A empresa já conseguiu trazer materiais do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Pará, do Piauí e outras localidades do País, com o objetivo de racionalizar e levar os insumos para a indústria, baseada predominantemente no Sudeste.

Adicionalmente, a companhia já possui contratos de SaaS (software as a service) no sistema para abarcar cada vez mais pessoas.

“Enquanto Elon Musk não resolver o elo entre Marte e Terra, vamos ficar por aqui”, brincou o CEO da Green Mining. “Queremos resolver o problema da reciclagem no mundo inteiro, e temos software para fazer isso.”

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Arthur Guimarães

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