Projeto baseado em economia circular transforma cascas de sururu em cobogó em Alagoas

Considerado patrimônio imaterial pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC) de Alagoas, o sururu é um molusco cuja pesca constitui a principal fonte de renda para diversas comunidades do estado. Apenas em torno do lago Mundaú, em Maceió, cinco favelas que vivem abaixo da linha de pobreza produzem anualmente cerca de 300 toneladas de cascas de sururu – uma enorme quantidade de um material que, até então, não apresentava nenhuma utilidade e acabava sendo destinado a aterros sanitários da capital alagoana.

Enxergando nisso grande potencial econômico e de engajamento social, os designers Marcelo Rosenbaum, Adriana Benguela, e Rodrigo Ambrósio desenvolveram o projerto Cobogó da Mundaú, que incorpora os resíduos da pesca do sururu na fabricação de elementos vazados para arquitetura.

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A proposta surgiu em 2019 a partir de um convite do projeto Maceió Mais Inclusiva Através da Economia Circular, iniciativa do BID LAB (Laboratório de Inovação do Grupo BID), junto de IABS, Prefeitura de Maceió e uma rede de iniciativas parceiras, e tem como objetivo transformar o subproduto da pesca do famoso molusco em uma nova fonte de renda e modelo econômico para o desenvolvimento social das comunidades em torno do lago.

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A lagoa Mundaú, no Vergel, Maceió | Foto: Ricardo Wolffenbüttel
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Conchas de Sururu | Foto: Ricardo Wolffenbüttel

O projeto foi desenvolvido em estreita colaboração com os moradores locais numa relação mediada pela ONG Mandaver, responsável por ter estabelecido a ponte entre Rosenbaum, Benguela e Ambrósio com o artesão local Itamácio Alexandre – conhecido pela produção de "caqueiras", nome que se dá localmente a determinados vasos de cimento. A técnica empregada nas "caqueiras" serviu de base para a produção dos cobogós, que apenas substitui a areia usada nos vasos pelas cascas de sururu.

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Foto: Via @mrosenbaum
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Foto: Via @mrosenbaum

Por sua propriedade calcária, as cascas trituradas são compatíveis com a produção de massa cimentícia e correspondem a 62,5% do novo cobogó. O desenho do bloco vazado foi elaborado de modo a remeter ao formato da concha do molusco. 

O projeto está entre os 10 finalistas do Prêmio Human City Design Award 2020, criado há cinco anos pelo Governo Metropolitano de Seul e pela coreana Seoul Design Foundation. A iniciativa não é a única brasileira entre os finalistas: divide espaço com o projeto Design Meets The Corre / Fa.vela, de Gustavo Greco Lisita.

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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Projeto baseado em economia circular transforma cascas de sururu em cobogó em Alagoas" 26 Fev 2021. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/957572/projeto-baseado-em-economia-circular-transforma-cascas-de-sururu-em-cobogo-em-alagoas> ISSN 0719-8906

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