Montadoras fecham 640 vagas em novembro, mas contratam temporários

Linha de produção de caminhões da Mercedes-Benz: efetivação de 450 temporários, previsão de readmitir 200 que tinham sido desligados e trazer mais 250 por tempo pré-determinado a partir de fevereiro

Por PEDRO KUTNEY, AB
  • 07/12/2020 - 16:44
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
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    Apesar do reaquecimento do mercado em níveis acima dos previstos e da falta de alguns produtos por falta de produção suficiente, os fabricantes de veículos continuam a implementar políticas para reduzir seus quadros de funcionários, sob a justificativa que a recuperação até o momento não foi suficiente para compensar a redução de demanda provocada pela pandemia de coronavírus. Ao mesmo tempo, no entanto, algumas empresas precisaram fazer contratações – boa parte temporárias – para atender ao aumento de demanda, principalmente no segmento de caminhões e máquinas agrícolas e de construção, que acumulam pedidos em carteira até o segundo trimestre de 2021.

    Um ano atrás as montadoras empregavam 126,4 mil pessoas, mas grande parte da redução de 5,6 mil funcionários no quadro de lá para cá foi feita a partir de março passado, após o choque provocado pela pandemia. Em nove meses sob o efeito da Covid-19 os fabricantes de veículos e máquinas cortaram 5,2 mil vagas.

    Levando em consideração o balanço de admissões e demissões no mês passado, as fábricas fecharam 640 vagas, fazendo o número total de empregados no setor cair de 121,4 mil pessoas em outubro para 120,8 mil em novembro. O número foi divulgado pela Anfavea, associação que reúne as fabricantes de veículos no País e apresentou os resultados do setor na segunda-feira, 7.

    O presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, informou que o número líquido de demissões apurado em novembro é resultado de 819 desligamentos contabilizados entre os fabricantes de autoveículos e 179 contratações nas empresas que fabricam máquinas agrícolas e de construção. Ele também revelou que as fábricas de automóveis, utilitários, caminhões e ônibus cortaram 1.284 pessoas no mês e admitiram 465.

    “Boa parte das demissões foi feita por meio de PDVs (programas de demissões voluntárias) ou com o encerramento de contratos temporários, e quase todas as contratações são temporárias, por tempo determinado para cobrir alguns gargalos de produção”, afirma Moraes. Segundo ele, ainda não há confiança sobre a continuidade da demanda atual, por isso as empresas não querem arriscar em fazer contratações fixas.

    FÁBRICAS DE CAMINHÕES CONTRATAM E EFETIVAM TEMPORÁRIOS



    Os segmentos de veículos comerciais de carga e máquinas agrícolas e de construção estão mais aquecidos e algumas empresas já tomaram coragem para voltar a contratar ou reintegrar alguns dos que foram desligados ao fim de contratos temporários. Por exemplo, a fábrica da DAF Caminhões em Ponta Grossa (PR) já contratou 80 pessoas nos últimos três meses para os setores de produção e logística e esta semana informa que iniciou a contratação de mais 30.

    Outro exemplo vem da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP). Com encomendas para atender e prevendo crescimento nas vendas no primeiro semestre de 2021, a empresa já negociou com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a realização de jornadas adicionais de trabalho nos próximos três meses e ativação do terceiro turno de produção na linha de caminhões a partir de fevereiro. Com isso, comunicou planos para integrar cerca de 900 empregados. No mês passado, foram efetivados 450 colaboradores temporários e aprendizes do Senai que teriam seus contratos encerrados nos próximos meses. Além disso, 200 trabalhadores temporários que já tinham sido desligados em setembro serão recontratados como efetivos durante o primeiro trimestre de 2021 e deverão se somar a outras 250 pessoas que a fabricante irá admitir por tempo pré-determinado para ativar o terceiro turno.



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