Cidade paulista lidera lista de desenvolvimento sustentável no país

Ranking com 770 municípios foi lançado nesta terça (23); Instituto Cidades Sustentáveis aponta que lacunas de dados dificultam análises

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São Paulo

A pequena Morungaba, parte da região metropolitana de Campinas, no interior de São Paulo, é a cidade mais avançada nos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), segundo ranking lançado nesta terça-feira (23), pela Instituto Cidades Sustentáveis. Ou, pelo menos, é a mais avançada segundo os dados que estão disponíveis.

O ranking, no momento, classifica 770 municípios brasileiros. O top 5 atual é composto também por Pedreira, Jumirim, Corumbataí e Iracemápolis, todos no estado de São Paulo.

A ideia do instituto, em parceria com o SDSN (Sustainable Development Solutions Network), com o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e o Projeto CITinova, é ajudar os municípios e outros entes a visualizar em quais pontos já houve avanços nos objetivos de desenvolvimento sustentável e onde ainda é necessário evoluir.

Palco com cinco pessoas sentadas e uma placa com a inscrição "Festival ODS" no painel ao fundo. No primeiro plano aparecem as cabeças das pessoas sentadas no auditório
Festival ODS em 2019 reuniu interessados pela pauta do desenvolvimento sustentável na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo - Felipe Cardoso

Os ODS fazem parte da Agenda 2030, que foi proposta pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2015 e que busca, até 2030, alcançar objetivos ambiciosos, como o fim da pobreza e da fome. O plano é conseguir melhorar a vida das pessoas ao mesmo tempo em que o meio ambiente é protegido e o aquecimento global é combatido.

Os objetivos, contudo, costumam ser observados de um ponto de vista macro, olhando-se para os países. E é aí que entra a ideia do ranking, ao jogar um olhar sobre um esfera mais local, o que poderia estimular a aplicação da agenda, diz Jorge Abrahão, coordenador do Instituto Cidades Sustentáveis e colunista da Folha.

"Quando se consegue medir e monitorar, você vai ser capaz de reconhecer os prefeitos que avançarem nessa direção positivamente", afirma Abrahão.

O instituto e seus parceiros olharam para 88 indicadores para conseguir analisar os ODS. A partir da análise das informações, é dada uma nota de 0 a 100 para os municípios. Na plataforma, é possível encontrar o resultado apresentado de modo simplificado, apontando com cores (em uma escala que vai do verde ao vermelho) o que está mais distante de ser alcançado.

O coordenador do instituto afirma, porém, que a ideia, no momento, não é apontar dedos para nenhuma administração municipal, considerando que a situação atual foi construída ao longo de diversas gestões.

Além disso, o ranking tem limitações importantes: dados.

"Temos fragilidade de dados", diz Abrahão. Segundo ele, se para alguns dos objetivos em pauta, como saúde e educação, os dados são relativamente abundantes, para outros pontos importantes, como uso de pesticidas e eficiência de utilização dos recursos, as informações são ausentes ou desatualizadas em nível municipal.

Quando se consegue medir e monitorar, você vai ser capaz de reconhecer os prefeitos que avançarem nessa direção positivamente

Jorge Abrahão

Coordenador do Instituto Cidades Sustentáveis e colunista da Folha

De acordo com Abrahão, ao identificar tais gargalos, o projeto pode incentivar a produção de mais e melhores dados públicos.

A crise de informações confiáveis, porém, pode ficar ainda mais profunda. Na segunda (22), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirmou que o corte de orçamento proposto para o Censo pode inviabilizar a pesquisa, que seria realizada em 2020, mas, por causa da pandemia, foi adiada para 2021.

Ex-presidentes, em uma carta, alertam que a situação e um novo possível adiamento do Censo deixariam o país às cegas.

"O país necessita das informações geradas pelo Censo, que são essenciais para subsidiar políticas públicas em diversas áreas, especialmente em um contexto de pandemia, onde esses dados são estratégicos para o avanço da vacinação e para o planejamento de infraestrutura em saúde", disse, em nota, o IBGE.

Na carta, os ex-presidentes também afirmam: "E é ele, também, que traz confiabilidade para as pesquisas amostrais de emprego, saúde e educação do IBGE e outras entidades públicas e privadas". Acrescentam ainda que o Brasil se juntaria ao Haiti, Afeganistão, Congo, Líbia entre países que há mais de 11 anos estão sem informação estatística adequada.

Os dados do IBGE são alguns dos usados no ranking, que também utiliza informações do DataSUS e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

Para dados de emissões de gases foram usadas informações do Seeg Municípios (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa) e do MapBiomas, duas iniciativas independentes desenvolvidas pelo Observatório do Clima, rede com dezenas de organizações.

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