Energia e Ciência
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Por Rodrigo Ribeiro, da Autoesporte

Um carro moderno tem dezenas ou até centenas de quilos de materiais nobres, como alumínio, platina e até ouro. Mesmo assim a reciclagem automotiva no Brasil ainda engatinha, com projetos pontuais envolvendo seguradoras ou departamentos de trânsito. É nesse cenário que a Toyota anunciou uma parceria com a start-up GWA para ampliar o reaproveitamento dos componentes automotivos no Brasil — mesmo com os entraves burocráticos e tecnológicos.

"No Japão o consumidor paga uma taxa de reciclagem do veículo já no ato da compra. A destinação correta do carro ao fim de sua vida útil é uma preocupação desde o início", conta Viviane Mansi, presidente da Fundação Toyota e diretora de comunicação da montadora. O país asiático está no seleto clube dos locais capazes de reciclarem até 95% de um carro. No Brasil o índice atualmente não passa dos 70%.

Um dos grandes entraves é a limitação tecnologia. "Estamos trabalhando junto a fornecedores e parceiros para conseguir aproveitar ao máximo tudo o que pode ser reaproveitado no automóvel, mas nem sempre há equipamentos e conhecimento local para isso", continua Wladi Souza, diretor comercial da GWA. "Por isso a parceria com a Toyota é tão importante."

A montadora irá fornecer os manuais para o desmonte adequado de seus veículos e compartilhar informações importantes para o processo à equipe da GWA. Apesar disso, a start-up de Gravataí (RS) irá realizar a reciclagem de carros de qualquer marca, e a parceria com a Toyota não envolve nenhuma contrapartida financeira.

Por falar em dinheiro, Souza pontua que a viabilidade econômica do projeto é possível por conta da venda dos materiais. "Um carro moderno pode ter mais de 200 kg de alumínio", exemplifica o executivo. Por enquanto a GWA espera desmontar até 150 carros por mês ao longo de 2021, mas tem planos ambiciosos: com a abertura de novas unidades em Curitiba (PR) e São Paulo, a companhia almeja reciclar 12.000 veículos por ano.

Neste primeiro momento os carros que serão desmontados são adquiridos a partir de órgãos de trânsito, como Detrans e CETs, que possuem pátios cada vez mais lotados com automóveis com situação legal irregular e/ou não têm mais capacidade para rodar. "Muitos desses locais não têm condição adequada para receber esses carros abandonados, e podem ser um risco ao meio-ambiente", continua Souza.

Um dos motivos para optarem por esse tipo de veículo é burocrática. Apesar de ser legalizado, o desmanche de carros no Brasil exige que cada automóvel seja retirado dos registros juntos aos órgãos de trânsito, um processo apelidado de "dar baixa". Esse processo é essencial para impedir o uso ilegal das numerações de placa e chassi do veículo, mas frequentemente pode ter um custo maior que o próprio valor do carro, o que resulta nos constantes abandonos de carcaças nas grandes cidades.

Bateria exportada

Atualmente a GWA faz a remoção de fluidos contaminantes (como gasolina, óleo e gás do ar-condicionado) e prepara os veículos para desmonte completo. Por enquanto não há a revenda de peças reaproveitáveis, como é feito em outros locais, mas a empresa planeja aumentar gradualmente o percentual de componentes reciclados, incluindo as baterias de carros híbridos, desafio global da indústria.

"Por enquanto trabalhamos a chamada segunda-vida da bateria, que é utilizá-la para armazenar energia para outros fins, como um no-break", detalha Ayres Takashi Abe, coordenador de sustentabilidade da Toyota. Atualmente a montadora busca parcerias com universidades e empresas para desenvolver métodos eficazes do reaproveitamento das baterias, e já envia alguns acumuladores para uma faculdade em Sorocaba (SP), onde são feitos o Corolla Cross 2.0 e híbrido.

"Mesmo em mercados com maior volume de carros híbridos usados, como Estados Unidos e Europa, ainda não há o problema com o descarte de baterias de alta tensão. Mesmo assim já há diferentes estudos para buscar uma solução para esse problema", fala Abe.

No Brasil a Toyota oferece garantia de oito anos para a bateria e sistema híbrido, mas não há solução local caso os acumuladores precisem ser descartados. Caso uma bateria não possa ser reaproveitada ela é enviada para a Europa ou Japão — este último sendo capaz de fazer a reciclagem completa do componente.

Apesar de não ter uma linha de componentes remanofaturados (comuns no segmento de comerciais), a Toyota já faz a reciclagem de partes de peças que não foram aprovadas em controle de qualidade. Por meio de cooperativas, a montadora produz e vende itens como bolsa feita com tecido de airbag e até óculos com plástico de para-choque de Hilux (este último disponível apenas na Argentina, onde a picape é produzida).

Independente se virar outro carro, peça ou até panela, uma coisa é fato: lugar de carro não é (mais) em lixão.

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