Agenda Internacional da Indústria reúne ações para impulsionar o comércio exterior

Durante lançamento do documento, representantes da indústria e do Congresso Nacional ressaltam a importância de uma abertura comercial por meio de acordos equilibrados

Durante o lançamento da Agenda Internacional da Indústria 2021, representantes da indústria, do governo federal e do Congresso Nacional defenderam a implementação de ações que contribuam para a recuperação do comércio exterior. Entre elas está a abertura comercial por meio de acordos equilibrados e do aprofundamento da agenda econômica do Mercosul.

O documento, lançado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta terça-feira (30) em evento virtual, reúne 111 ações distribuídas em quatro eixos de atuação: política comercial; serviços de apoio à internacionalização; ações em mercados estratégicos, e cooperação internacional.

O superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI, João Emilio Gonçalves, afirmou que o cenário é de queda no comércio exterior, o que demanda uma série de ações coordenadas para aumentar a competitividade da indústria.

“A agenda apresenta várias frentes de trabalho, desde acordos comerciais, passando pela competitividade do comércio até o cumprimento de regras justas nessa área”, disse o superintendente. “Enfatizo que a CNI é historicamente defensora da abertura comercial por meio de acordos importantes para o desenvolvimento do nosso país”, ressaltou.

A diretora de Relações Institucionais da CNI, Monica Messemberg, destacou que a recuperação da competitividade da economia e o desenvolvimento da indústria passam, necessariamente, pela integração do Brasil ao resto do mundo.

“A abrangência da agenda é algo determinante. Um comércio competitivo será alcançado por uma agenda que impacta diversos meios”, afirmou.

Acordo entre Mercosul e União Europeia é uma das prioridades da agenda

O gerente de Políticas de Integração Internacional da CNI, Fabrizio Sardelli Panzini, apresentou dados que mostram a queda nas exportações de industrializados ao longo da última década. Para se ter ideia, em valores, ela passou de US$ 128,3 bilhões para US$ 90,1 bilhões ao ano de 2011 para 2020.

Na avaliação de Panzini, o contexto internacional, ao lado de problemas relacionados ao Custo Brasil, retirou a qualidade da inserção dos produtos brasileiros no exterior.

“Por isso, entre as nossas prioridades, está a internalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Também precisamos avançar para que o Brasil dê passos para entrar na OCDE e precisamos mudar a legislação de lucros das nossas multinacionais no exterior”, disse o gerente.

Abertura comercial demanda diálogo com setor produtivo e países do Mercosul

O deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP) afirmou que o governo federal não pode realizar a abertura comercial sem dialogar com o setor produtivo e com os sócios do Brasil no Mercosul. Para isso, ele afirmou que os parlamentares, usando os mecanismos que a Constituição garante, apesentaram dois requerimentos de informação ao Ministério da Economia sobre esse processo.

“Não podemos fazer uma abertura comercial sem um amplo diálogo com o setor produtivo, sem um diálogo mais pragmático com os nossos sócios do Mercosul. E, assim, preocupados com algumas atuações do Poder Executivo, nós, como parlamentares, usando os mecanismos que a Constituição nos permite, os freios e contrapesos da democracia”, apresentamos dois requerimentos de informação ao Ministério da Economia”, disse.

O deputado federal Evair Vieira, por sua vez, presidente da Frente Parlamentar Mista do Comércio Internacional e do Investimento (FrenCOMEX), disse que a agenda de comércio exterior deve ser cada vez mais debatida com conteúdo técnico e responsabilidade. O deputado afirmou que, além da agenda de comércio exterior, o Brasil precisa enfrentar a agenda de reformas estruturais.

“Precisamos reduzir o Custo Brasil, melhorar o ambiente de negócios e promover e potencializar nosso país, sobretudo olhando a questão do financiamento às exportações. Além disso, no momento que vivemos, uma das nossas principais bandeiras é a retomada econômica”, afirmou.

Medidas devem permitir maior integração do Brasil ao mundo

Roberto Fendt, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, disse que a reforma da Previdência, aprovada em 2019, foi a primeira de uma série de reformas necessárias para o país.

“Temos buscado como diretriz da nossa atuação a adoção de medidas que culminem com a maior integração do Brasil aos fluxos de comércio e investimentos”, disse.

O embaixador Sarquis J. B. Sarquis, secretário de assuntos econômicos e comerciais do Ministério das Relações Exteriores (MRE), disse que a agenda lançada pela CNI é abrangente e foca nos principais desafios do Brasil e em suas oportunidades para ampliar a produtividade e a competitividade do comércio exterior brasileiro.

“As ações listadas nesse documento cobrem as áreas prioritárias de nosso interesse, inclusive do Itamaraty, sobre o que devemos fazer para avançar”, disse o embaixador, que ressaltou a importância de o Brasil ampliar sua participação no comércio internacional dos atuais 1,1% para perto de 1,5%.

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Sérgio Segovia, por sua vez, disse estar confiante de que o atual momento será um estímulo para o Brasil reforçar a sua capacidade de modernização.

“As ações internacionais aliadas à agenda de reformas desempenham papel fundamental para impulsionar nossas exportações. Apesar de a indústria representar 21% do PIB, ela recolhe 33% dos impostos federais e responde por 31% da arrecadação previdenciária patronal”, disse.

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