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Ibovespa atinge 120 mil pontos pela primeira na história
| Foto: Pixabay

Enquanto o Brasil colhe os frutos de um momento de glória para a Bolsa de Valores, o Paraná ainda caminha lentamente no mercado de ações. O país registrou em 2020 a entrada de 28 empresas na B3, a Bolsa oficial -- o maior número desde 2007, quando 64 empresas passaram a ter papeis negociados. Nenhuma delas, no entanto, era paranaense. Em 2021, a expectativa de analistas é que a entrada seja ainda mais volumosa, podendo chegar perto de cem marcas. Apesar disso, poucas empresas paranaenses são citadas como possíveis novos nomes nos pregões da B3.

E o estado teve baixa. A rede de farmácias Nissei e a rede varejista Companhia Sulamericana de Distribuição (dos supermercados Cidade Canção), que haviam pedido registro de IPO (sigla em inglês para abertura de capital) no ano passado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), decidiram interromper o processo. De paranaenses, é possível que figure na Bolsa nesta ano apenas a rede de restaurantes Madero -- que ainda estuda lançamento de ações no Brasil ou nos Estados Unidos.

Mas por que a Bolsa não tem atraído o interesse das empresas paranaenses, mesmo com cada dia mais investidores apostando nos papéis de companhias em busca de uma lucratividade que a rede fixa já não oferece? Por diversos motivos, explicam especialistas. E que tem muito mais a ver com burocracia e características de mercado do que com regionalismo.

Gustavo Gubert, sócio da Warren -- empresa que gere uma plataforma digital de corretagem, gestão e administração de investimentos -- no Paraná, sustenta que há uma naturalidade no baixo número de companhias paranaenses na Bolsa em relação a outros estados. "São Paulo tem mais empresas [listadas] porque é um mercado maior, é o centro financeiro do país, tem maior concentração delas", explica. Ele exemplifica que, da mesma forma, os Estados Unidos, mercado mais maduro, tem uma Bolsa muito mais pujante que a brasileira -- por aqui, são 448 empresas listadas; por lá, perto de 5 mil.

Além disso, Gubert indica que a burocracia e o preço do processo para se registrar o IPO -- e manter a empresa listada -- torna o prcesso relegado somente às companhias muito grandes. "Você precisa seguir uma sére de obrigações legais para abrir o capital. Tem processos regulatórios, auditorias, regras de governança corporativa, contratação de instituição financeira para o negócio", exemplifica. Esse conjunto de fatores tem seu preço, que pode ser inviável para empresas médias.

Bem por isso, as poucas empresas paranaenses (são menos de uma dezena) listadas em Bolsa hoje são gigantes de seus setores, como Copel, Sanepar, Klabin, Positivo Tecnologia, Cinesystem, Grupo Inepar e Rumo.

"Muitas empresas inclusive fecham seu capital [retiram as ações da Bolsa] por conta desse custo burocrático. A intenção de se lançar seus papéis na B3 é levantar dinheiro para ações estratégicas. Quando isso não consegue ser cumprido, em uma conjuntura econômica desfavorável, por exemplo, as empresas repensam sua permanência no leilão. As fugas da Bolsa são até triviais. Em 2014, por exemplo, o Paraná viu esse processo migratório", diz o consultor de investimentos Flaviano Barros. Naquele ano, empresas como a Café Cacique (Londrina) e a Iguaçú Café (Cornélio Procópio) optaram por deixar o pregão.

Não menos importante do que esses fatores, está o desejo das empresas. Para Gubert, muitas empresas optam por não negociarem na Bolsa simplesmente porque não acham interessante. É que a abertura de capital exige uma mudança de gestão que, em determinados casos, pode não bater com os objetivos da companhia. Nesses casos, a empresa se financia no bom e velho modelo tradicional.

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