Realidade virtual: Quando o mundo digital é mais confiável do que o físico

Novas soluções são cada vez mais necessárias à indústria automotiva como estratégia de redução de custos e aumento da eficiência

Por WILSON TOUME, PARA AB MÍDIA LAB
  • 28/10/2020 - 15:30
  • | Atualizado há 2 anos, 8 meses
  • 3 minutos de leitura
    Ao se falar em realidade virtual, a imagem que vêm à cabeça de muita gente ainda está ligada ao lazer (principalmente aos jogos eletrônicos). Mas, na indústria – especialmente a automotiva –, essa é uma ferramenta importante e muito valiosa. Basta lembrar, por exemplo, quantos protótipos tinham de ser construídos em um passado não muito distante para validar um novo projeto. Felizmente, o desenvolvimento de novas tecnologias vem mudando essa realidade, e hoje é cada vez maior o número de montadoras que se preocupam em reduzir o uso de protótipos físicos, adotando os modelos virtuais.



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    Nesse sentido, a ESI Group, uma das empresas líderes no desenvolvimento de recursos de simulação avançados, trabalha na identificação de possíveis lacunas que podem representar problemas, assim como em potenciais aperfeiçoamentos possíveis de serem implantados ainda nas fases iniciais do projeto, poupando tempo e recursos.

    Fundada em 1973, a ESI Group começou desenvolvendo técnicas de simulação baseadas na análise de elementos finitos – método computacional para resolver desafios de engenharia. Com isso, a companhia acumulou experiência sobre processos e necessidades da indústria. A partir daí, a ESI Group passou a ser procurada por empresas do setor automotivo e foi a responsável pelo desenvolvimento do primeiro teste de colisão simulado da indústria.

    UMA SOLUÇÃO VIRTUAL PARA ACELERAR NOVOS DESENVOLVIMENTOS



    Hoje, a organização tem na solução IC.IDO a ferramenta mais avançada de realidade virtual disponível, pois ela permite não só visualizar, mas interagir com o produto muito antes de ele entrar na linha produção, detectando qualquer problema que possa surgir no processo.

    Outra grande vantagem da ferramenta é que ela permite a participação virtual de diversas pessoas, independentemente de onde estejam, evitando as dificuldades causadas por viagens e outros deslocamentos (atrasos provocados por congestionamentos, acidentes no trânsito, cancelamento de voos etc.). Sem esquecer, claro, das restrições atuais causadas pela pandemia.

    Eric Kam, gerente de marketing de indústria da ESI Group, ressalta que a adoção de uma solução como a oferecida pela companhia é capaz de tornar qualquer fabricante de veículos mais eficiente:

    “As empresas que adotaram o IC.IDO nos últimos anos no Brasil já estão em seu segundo ou terceiro lançamento de novos veículos e, como em muitos casos, suas sedes no exterior cortaram orçamentos, as subsidiárias brasileiras, como resultado, optaram por validar linhas de montagem usando prototipagem virtual”, conta.



    ANÁLISES VIRTUAIS MAIS PROFUNDAS



    Além dos testes e simulações de produto, a ferramenta IC.IDO também tem vasta aplicação na linha de produção, permitindo saber se as ferramentas e processos que serão usados na montagem de um carro podem dificultar – ou mesmo prejudicar – a ergonomia dos funcionários, por exemplo. Ou se alguma mudança na posição de um equipamento pode trazer benefícios ao processo de fabricação.

    São muitas possibilidades, mas é importante lembrar que o objetivo da ESI Group com a solução IC.IDO não é simplesmente transformar todos os processos em realidade virtual, e sim ajudar o cliente a identificar problemas e encontrar soluções para os desafios da engenharia e tornar o processo virtual melhor do que o seu similar real, físico.

    Kam cita o exemplo tão usual da nacionalização de veículos desenvolvidos no exterior. “Se uma fabricante com sede na Europa decide que uma de suas plataformas será adaptada para um novo produto na América do Sul, muitas vezes ela presume que o projeto irá se ‘encaixar’ na linha de produção local, mas o processo de implantação de um novo produto é mais complicado, e a infraestrutura existente e os trabalhadores precisam ser considerados”, observa o executivo da ESI Group.

    “Sem o uso do IC.IDO, nossos clientes Volkswagen e FCA – Fiat Chrysler Automóveis teriam enfrentado desafios significativos para lançar seus produtos mais recentes (Nivus e nova Strada, respectivamente)”, exemplifica.



    Em tempo: de acordo com a Volkswagen, a redução de custos contabilizada apenas no laboratório de protótipos virtuais foi de 65% em relação aos projetos anteriores. Além disso, foi possível realizar mais de 70% das simulações no Brasil (testes de segurança veicular e de acústica, por exemplo). O uso das ferramentas virtuais na montadora foi tão bem sucedido que a Volkswagen do Brasil está replicando a experiência do Nivus para outras subsidiárias do grupo na Europa.

    PARA INOVAR, É PRECISO SUPERAR BARREIRAS CULTURAIS



    Mas, mesmo exibindo tantas vantagens, a adoção de ferramentas como o IC.IDO ainda enfrenta obstáculos para ser plenamente aceita em algumas empresas. “Como o IC.IDO é uma solução disruptiva, existem organizações que ainda não possuem procedimentos para efetuar correções, mesmo após a necessidade ter sido identificada na revisão virtual”, afirmou Eric Kam. “Então, é preciso superar essa barreira organizacional e cultural”, acrescenta.

    Para o futuro próximo, com mais empresas adotando a Manufatura Inteligente e a implantação da rede 5G, é natural que sejam desenvolvidas novas formas de aplicação das ferramentas digitais. Contudo, é sempre bom reforçar a necessidade de as soluções digitais poderem ser usadas de maneira complementar, permitindo tornar o processo de fabricação realmente inteligente. Isso vai permitir que os engenheiros fiquem livres para trabalhar no desenvolvimento de produtos, na criação de novos métodos de produção e até para dar início a uma nova revolução na mobilidade.