Por Darlan Alvarenga, G1


Pressionado mais uma vez pelos preços dos alimentos, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), que é considerado uma prévia da inflação oficial do país, ficou em 0,81% em novembro, após ter registrado avanço de 0,94% em outubro, informou nesta terça-feira (24) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Embora a alta tenha desacelerado, trata-se da maior taxa para meses de novembro desde 2015 (0,85%) e da segunda maior variação mensal do ano, só perdendo para a inflação de outubro.

IPCA-15, prévia da inflação oficial (variação mensal) — Foto: Economia G1

No ano, a prévia da inflação acumulou alta de 3,13%. Em 12 meses, atingiu 4,22%, acima dos 3,52% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores e também da meta central de inflação perseguida pelo governo para 2020, que é de 4%.

Em novembro de 2019, a taxa foi de 0,14%.

O resultado veio um pouco acima do esperado. A mediana das estimativas de 24 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data projetava uma alta de 0,72% do IPCA-15 em novembro.

Os 9 grupos pesquisados registraram alta

"Além do grupo de Alimentação e bebidas, que teve alta de 2,16%, todos os demais subiram: Transportes (1%), Artigos de residência (1,40%), Habitação (0,34%) e Vestuário (0,96%), além de Saúde e Cuidados Pessoas (0,04%), Despesas Pessoais (0,14%), Comunicação (0,06%) e Educação (0,01%)", informou o IBGE.

Veja o resultado de novembro para cada um dos grupos:

  • Alimentação e bebidas: 2,16%
  • Habitação: 0,34%
  • Artigos de residência: 1,40%
  • Vestuário: 0,96%
  • Transportes: 1%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,04%
  • Despesas pessoais: 0,14%
  • Educação: 0,01%
  • Comunicação: 0,06%

Todas as regiões tiveram alta em novembro

Segundo o IBGE, todas as regiões pesquisadas apresentaram alta, sendo o menor resultado verificado na Região Metropolitana de Recife (0,31%), especialmente por conta da queda nos preços da gasolina (-1,37%); e o maior em Goiânia (1,26%), onde a alta de 3,25% na gasolina foi o principal item de pressão no resultado de novembro.

Alimentos acumulam alta de 12,12% no ano

Os alimentos e bebidas responderam por 0,44 ponto percentual do IPCA-15 de novembro. Com avanço de 2,16%, o grupo passou a acumular alta de 12,12% no ano.

A inflação dos alimentos vem se destacando nesse final de ano, influenciada também por conta do câmbio favorável às exportações, o que levanta preocupações de uma alta mais disseminada dos preços.

Entre os itens que mais subiram, destaque para carnes (4,89%), arroz (8,29%), batata-inglesa (33,37%), tomate (19,89%) e óleo de soja (14,85%). Entre as quedas, a principal foi a do leite longa vida (-3,81%).

A alimentação fora do domicílio acelerou de 0,54% em outubro para 0,87% em novembro, principalmente em função do item lanche (1,92%). Já refeição variou (0,49%), abaixo da alta de outubro (0,93%).

Inflação se espalha

O resultado mostra que a inflação se espalhou mais pelos produtos e serviços em novembro. O chamado Índice de Difusão, que mede a proporção de itens que tiveram aumento de preços no período, subiu para 66,5% neste mês, vindo de 64% no anterior, segundo cálculos do Valor Data considerando todos os itens da cesta.

No grupo transportes, o maior impacto individual no IPCA-15 (0,06 ponto percentual) veio da gasolina (alta de 1,17% em novembro), item de maior peso na composição do IPCA-15. Também houve alta nos preços do etanol (4,02%), óleo diesel (0,53%) e gás veicular (0,55%).

Em artigos de residência, as maiores pressões vieram dos itens mobiliário (2,40%) e eletrodomésticos e equipamentos (2,23%), com destaque para a alta de 11,23% nos preços do ar-condicionado.

Nos preços de vestuário, enquanto as roupas femininas passaram de -0,10% em outubro para 0,97% em novembro, as roupas masculinas (1,49%), infantis (0,74%) e os calçados e acessórios (0,33%) subiram pelo segundo mês consecutivo. Já joias e bijuterias tiveram alta de 2,27% e acumulam no ano avanço de 13,19%.

Perspectivas e meta de inflação

Apesar da pressão de alguns itens nos últimos meses e do temor de repasse de custos mais altos no atacado para o consumidor final a expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central do governo para o IPCA, de 4%.

Segundo o relatório Focus, divulgado na segunda-feira pelo Banco Central, os analistas do mercado financeiro estimam uma inflação de 3,45% em 2020.

Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica. O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano. Para o fim de 2021, a expectativa do mercado subiu para 3% ao ano em meio ao aumento das preocupações com a situação das contas públicas.

Para o ano que vem, o mercado financeiro subiu de 3,22% para 3,40% sua previsão de inflação. Em 2021, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.

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Entenda o IPCA-15

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 14 de outubro a 12 de novembro de 2020 e comparados com aqueles vigentes de 12 de setembro a 13 de outubro de 2020.

O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

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