Um ano após a OMS (Organização Mundial de Saúde) decretar o estado de pandemia global do novo coronavírus, os presidentes-executivos de 5.050 empresas afirmam estar mais otimistas em relação à conjuntura econômica e ao futuro de suas empresas nos próximos 12 meses, segundo a “24ª Pesquisa Global com CEOs da PwC”.
No levantamento, a empresa de auditoria e consultoria ouviu líderes empresariais de 100 países —entre eles, 144 brasileiros— que atuam em áreas como serviços públicos e financeiros, tecnologia, mídia e telecomunicações, consumo, manufatura industrial e automotiva, indústrias de saúde e energia.
Os questionários foram respondidos em janeiro e fevereiro de 2021.
Mesmo com o Brasil já ingressando numa fase mais crítica da pandemia do Covid-19 e apresentando dificuldades para implementar um calendário nacional de imunização, os executivos brasileiros declararam acreditar em uma melhora do cenário econômico em relação ao ano passado.
Para 85% deles, a economia irá melhorar, otimismo superior à média global, que é de 76%. Apenas 7% dos brasileiros acreditam numa piora da situação econômica, enquanto 8% avaliam que o cenário será de estabilidade em relação a 2020. No mundo, esses percentuais são de 15% e 9%, respectivamente.
De acordo com o sócio-presidente da PwC Brasil, Marco Castro, os executivos que atuam nessas posições hierárquicas costumam ter visão de longo prazo. Segundo ele, embora a situação atual seja crítica, havia, no início da pandemia em 2020, a expectativa de que o tombo do PIB (Produto Interno Bruto) seria superior a dois dígitos no Brasil.
Assim, argumenta Castro, o fato de a recuperação ter sido melhor tende a alimentar o otimismo na cúpula das empresas instaladas no Brasil.
“Faz um ano que a gente está nesse ambiente de isolamento, e o empresariado brasileiro percebeu, após este ano de pandemia, que é possível adaptar o seu negócio e fez mudanças nesse período para continuar operando", afirma. "E esperava-se que a economia retrocedesse 11% e, na realidade, retrocedeu pouco mais de 4%.”
Entre os empresários brasileiros, a incerteza em relação a políticas tributárias foi apontada como a principal preocupação por 56% dos entrevistados, ficando à frente da apreensão com pandemias e outras crises sanitárias (54%).
A incerteza em relação a políticas e ao aumento de obrigações tributárias também foram apontados como temas que mobilizam a atenção por 53% e 51% dos entrevistados, respectivamente.
Detalhe: em outros países, as incertezas políticas e o temor com políticas tributárias estão no fim da lista de questões consideradas prioritárias. Foram apontados como preocupações por, respectivamente, 38% e 31% dos entrevistados.
No ranking de preocupações dos executivos brasileiros também estão o crescimento econômico incerto (49%) e o populismo (47%).
Entre os executivos estrangeiros, as pandemias e crises sanitárias foram apontadas como principais preocupações (52%). Em 2015, apenas 9% declaravam preocupação com o tema.
Na lista de preocupações globais, foram apontados, ainda, uma maior atenção com ameaças cibernéticas (47%), excesso de regulamentação (42%), incerteza política (38%) e crescimento econômico incerto (35%)
Um item ganhou importância: desinformação. Em nível global, foi apontado como um problema por 28% dos entrevistados. No ano passado, a questão mobilizava 16% dos executivos no mundo.
No Brasil, a desinformação foi apontada como causa de “muita preocupação” por 34% dos entrevistados, enquanto outros 42% afirmaram estar "preocupados".
Em relação a segurança digital e ao cuidado com o vazamento de dados, o índice brasileiro ainda está abaixo da média global dos líderes.
Enquanto 59% dos executivos estrangeiros afirmam que suas empresas estão preparadas para enfrentar ameaças cibernéticas, 44% dos brasileiros afirmam que considera o tema ao gerenciar riscos estratégicos em suas companhias.
Em relação às questões climáticas, para 35% dos líderes nacionais o tema é motivo de preocupação extrema. Em 2020, apenas 14% tinham essa percepção.
Entre os líderes globais, o tema foi apontado como prioritário para três em cada dez, no entanto, quando perguntados sobre ações efetivas, os líderes globais, em especial os que atuam no Japão (49%), afirmaram estar mais atentos ao tema. Quatro em cada dez consideram as mudanças climáticas no gerenciamento dos seus riscos estratégicos.
No Brasil, apenas 32% dos executivos afirmaram ter a mesma preocupação em seus planejamentos.
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