José Fernando Ogura/AEN

O Paraná exportou US$ 842,8 milhões em janeiro. O valor é 11% menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado. Mas refere-se a um período em que a pandemia do novo coronavírus ainda não havia chegado ao Brasil. A crise sanitária afetou amplamente os mercados mundiais, prejudicando a atividade de comércio exterior. Prova disso é o saldo da balança comercial do estado, que em janeiro registrou déficit de US$ 286 milhões. No ano passado, janeiro também foi de resultado negativo, mas a queda foi menor, de US$ 86 milhões. As importações cresceram no mês, chegando a US$ 1,13 bilhão, alta de 9,3% contra igual período de 2020.

Os produtos mais vendidos pelo estado foram carnes (US$ 181 milhões), soja (US$ 97,2 milhões), madeira (US$ 93 milhões) e material de transporte (US$ 83 milhões). O destaque foi a exportação de madeira, que cresceu 37%, e de material de transporte, com alta de 22%, ambos na comparação com janeiro de 2020. Na avaliação feita desde 2010, este foi o segundo melhor janeiro para o setor madeireiro, atrás apenas de 2018. “O que explica esse crescimento é a variação da taxa de câmbio, que depreciou 29% (cada dólar correspondia a R$ 4,15 em janeiro de 2020 e passou para R$ 5,36 em janeiro de 2021), tornando o produto paranaense mais barato e favorecendo a venda no exterior”, justifica o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe.

Outra questão analisada por ele é a crescente demanda pelo produto, principalmente nos Estados Unidos. “Quase 50% da madeira exportada pelo Paraná para fora do país foi consumida pelo mercado norte-americano, somando US$ 46 milhões”, informa. Da mesma forma, a desvalorização do dólar frente ao real e o aumento da demanda favoreceram o setor automotivo. “As vendas de material de transportes, sobretudo de veículos, para a Argentina, tiveram uma recuperação expressiva em janeiro. Crescimento de 121% no valor exportado. Também vale citar o crescimento de 20% para o Peru e, de 12%, para o Chile”, reforça Felippe.

De acordo com o economista, desde o último trimestre de 2020, o setor automotivo vem apresentando um comportamento de recuperação após ter sido fortemente afetado no início da pandemia, com paralisação de atividades e quedas nas vendas. Felippe explica que há resultados importantes que revelam aumento na produção nas montadoras e abertura de novas vagas no mercado de trabalho. Mas ainda é cedo para afirmar se esta trajetória de recuperação vai permanecer ao longo deste ano. “Vai depender do ritmo de imunização da população e de como vai se comportar a economia nesse cenário ainda de pandemia. Tudo terá impacto na indústria e no setor automotivo”, afirma.

Importações

Produtos químicos (US$ 322 milhões), derivados do petróleo (US$ 158 milhões), produtos mecânicos (US$ 136 milhões) e materiais elétricos e eletrônicos (US$ 125 milhões) foram os principais itens comprados pelo estado no exterior. Destaque para o crescimento no valor importado, de 36%, em produtos químicos, que são adubos e fertilizantes utilizados no agronegócio, e de 20% nos eletroeletrônicos. Ambos correspondem ao período de janeiro deste ano frente ao mesmo mês do ano passado.

Outro ponto é a alta de 28% no volume das importações do Paraná, que aponta para um comportamento do industrial de tentar antecipar a compra de insumos, prevendo que terá aumento de sua produção. “O objetivo é reduzir os custos em função da variação cambial. Se há expectativa de que o dólar vai estar mais caro, o empresário antecipa suas compras para se precaver da oscilação do câmbio, que tem variado bastante, e é um item fundamental na atividade de comércio exterior”, conclui.